Quer os demonstrativos como o(s) mesmo(s)/a(s) mesma(s), este(s) – aquele(s) quer o pronome pessoal de 3.ª pessoa têm em comum o facto de poderem ser utilizados com a função de remeter para uma expressão linguística do discurso anterior. Nesta aplicação, quer elas quer as mesmas remetem para um antecedente, ou seja, uma expressão nominal com que estabelecem uma relação de equivalência referencial. Porém, o pronome pessoal pode admitir uma leitura não co-referencial relativamente a «as mentiras», o que é notório se alargarmos o enunciado e gerarmos um contexto mais lato:
«Muitos elogiavam as suas atitudes gentis, mas eu fui traído pelas mentiras dela, nunca me dei conta delas.»
Maria Helena de Moura Neves em Guia de Uso do Português (São Paulo, Unesp, 2003, p. 516) nota que «É condenado em alguns manuais tradicionais o uso de o mesmo, os mesmos, as mesmas para referência a alguma pessoa ou a alguma coisa já mencionada (valendo por ele, ela, eles, elas, respectivamente)». No entanto, verifica-se que em português europeu é corrente o uso do demonstrativo.