As frases que apresenta não estão incorretas, embora não apresentem os tempos verbais mais convencionais do discurso indireto, sobretudo aqueles a que estamos habituados, pelo menos, nas listas de correspondências entre tempos de muitas gramáticas escolares.
A diferença detetável será justamente o facto de as orações completivas apresentarem um verbo no tempo presente, na frase 1, e no pretérito perfeito, na frase 2.
Dito isto, não me parece que a mudança de tempos verbais possa implicar agramaticalidade nas frases ou até mesmo afastamento de um discurso indireto, porque as completivas correspondentes ao discurso que é relatado podem referir-se quer a uma ação habitual ou repetida com relevância para o tempo do discurso («disse que come uma maçã de manhã»), quer a uma situação temporalmente anterior ao momento em que o discurso é proferido («ela disse mesmo agora que comeu uma maçã há bocado/ontem»).
Observe-se, por último, que, no discurso indireto, o enunciador se apropria de um discurso proferido anteriormente para o reproduzir à sua maneira, permitindo-lhe uma certa liberdade para reformular, clarificar ou resumir esta modalidade enunciativa.