Bem hajas é a forma a usar com uma pessoa que tratamos por tu.
As fórmulas de agradecimento bem haja e bem hajam têm uso frequente no centro de Portugal. Note-se, contudo, que o verbo haver, empregado com o significado já arcaico de «ter, entrar em posse», terá de ser conjugado em função da forma de tratamento: se à pessoa a quem se agradece se dispensa o tratamento de você (pronome muitas vezes não explícito, como é típico em Portugal), a fórmula concorda na 3.ª pessoa, e diz-se «bem haja». Mas, ocorrendo tu, a fórmula terá de concordar e assumir a forma «bem hajas», como bem ilustra o seguinte diálogo, extraído do romance O Aço mudou de Têmpera, do escritor português Manuel do Nascimento (1912-1966):
(1) – Vais à vila?
– Vou, sim.
– Podes pagar-me isto lá na Câmara? – e tirou da algibeira um papel amarelo.
– Posso, sim.
O outro abriu a carteira e entregou-lhe uma nota de vinte escudos e algumas moedas.
–Tinham-me dito ontem que ias à Vila. Bem hajas.