A expressão «que o normal» (ou «do que o normal») é equivalente a «que é o normal» (ou «do que é normal»). É, portanto, uma oração subordinada adverbial comparativa cujo verbo foi omitido (elipse). Além disso, a oração está em correlação com o determinante indefinido (no Brasil, pronome adjectivo indefinido) mais, que se associa a «desastres» na oração subordinada (cf. E. Bechara, Moderna Gramática Portuguesa, págs. 169 e 326/327). No período «Este ano não teve mais desastres que o normal», a oração desempenha a função sintáctica de adjunto adverbial.
De salientar que no caso do período em análise não temos a construção do grau de um adjectivo, em que mais é um advérbio que modifica um adjectivo, tal como poderíamos encontrar em «o número de desastres é mais elevado do que o normal». Mas tanto o mais indefinido como o mais advérbio acarretam um segundo termo que, a ser realizado, é sempre uma oração adverbial comparativa, mesmo que se omita o respectivo verbo:
a) «Neste ano, houve mais desastres do que (é) o normal.»
b) «O número de acidentes é mais elevado do que (é) o normal.»
Estas orações não têm geralmente muita mobilidade na frase:
c) «Neste ano, houve mais acidentes [que (é) o normal].»
d) *[Do que (é) o normal], este ano não teve mais acidentes.»
A oração comparativa subordinada adverbial exprime a noção de grau e é, portanto, considerada uma construção de graduação. Este tipo de oração é introduzido por uma conjunção subordinativa comparativa que inicia uma oração que encerra o segundo membro de uma comparação: que, do que (depois de mais, menos, maior, menor, melhor e pior), qual (depois de tal), quanto (depois de tanto), como, assim como, bem como, como se, que nem.