No sentido de «telefonar», não se aceita «ligar com», mas aceita-se «ligar a/para». Neste caso, ambas as preposições estão certas, mas dos respectivos usos decorrem significados diferentes. Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, diz-se ligar a e ligar para; as abonações sugerem que se usa a preposição a antes de nome que denote pessoa e para antes de designação de lugar:
1) «Ligou para casa do João.»
2) «Ligo-te à noite.»
Destes exemplos e da intuição do emprego do verbo ligar, conclui-se que a preposição a ocorre com substantivo que nomeie pessoa, e para aparece junto de substantivo que designa lugar ou número de telefone («ligar para a casa/para o número do João»)
Note-se, contudo, que certas expressões nominais podem apresentar-se quer como lugares quer como entidades equivalentes a pessoas (por exemplo, instituições, oraganismos, departamentos); por exemplo:
3) «Vou ligar à/para a Santa Casa da Misericórdia.»
Em 3), se ligo à Santa Casa, falo com alguém que a representa ou que aí trabalha; se ligo para a Santa Casa, refiro-me ao lugar que é identificado por um certo número de telefone e que possui este equipamento.
A preposição para também figura ao pé de nomes de pessoa, desde que estes sejam interpretados como elipses, em «ligar para o João» se entende como «ligar para casa/o número do João».
Levantam-se, portanto, restrições a frases como (o ? indica inaceitabilidade):
5) ?«Vou ligar a/à casa do João.»
6) ?«Vou ligar à Dinamarca/aos Estados Unidos/a Nova Deli.»
Finalmente, assinale-se o uso de ligar como transitivo directo. Neste caso, apenas a expressão «número de telefone» ou expressão equivalente se pode usar:
7) «Vou ligar o número do João.»
8) *«Vou ligar o João.»
9) *«Vou ligar a Dinamarca.»