Estamos perante o mote de uma cantiga de Luís de Camões constituída por versos de cinco sílabas, também conhecidos por pentassílabos ou redondilha menor.
Proponho a seguinte escansão:
Quem/ o/ra/ sou/be/sse
on/de o/ A/mor/ na/ce
que/ o/ se/me/a/sse
O terceiro verso levanta alguns problemas, se aceitarmos que se encontram em hiato os elementos de dois encontros vocálicos (em «que o» e «semeasse»). Que «semeasse» deve ter vogais em hiato, fica comprovado por outros versos da cantiga (Cf. Luís de Camões, Rimas, edição de A. J. Costa Pimpão, 1973, p. 88), onde também ocorre o verbo semear: «semeava amor», «o que semeasse», «se semeei grão». Nestes versos, a sequência ea é sempre interpretada como hiato ("e-a"), o que possibilita contar cinco sílabas em cada caso.
Já mais difícil se torna encontrar apoio mais objetivo para o hiato que sugiro para a sequência «que o», porque ao longo da cantiga há versos em que os encontros vocálicos intervocabulares são resolvidos como uma única sílaba resultante de elisão ou sinalefa: «em/ for/t(e) ho/ra/ na/ce» (elisão); «on/de o/ A/mor/ na/ce» (sinalefa). Contudo, é possível evitar a elisão de «que o» no terceiro verso do mote, atendendo a outros casos de licença poética, aos quais se permite por vezes a criação de um hiato de modo a conservar a regularidade métrica ao longo de uma unidade estrófica. É por isso que proponho a separação entre que e o, que contam como duas sílabas métricas, levando assim a tratar o verso em causa como pentassilábico, ou seja, como um caso de redondilha menor.