Em português, a contração da preposição de ocorre quando esta tem como complemento um sintagma nominal.
A frase apresentada pelo consulente tem como sujeito a oração infinitiva «preservar o uso de ser corrompido pela ignorância», que está em posição pós-verbal. Isto significa que a expressão «função do gramático» é o predicado da frase e, por isso, não está dependente da oração infinitiva.
O termo «o gramático» é regido pela preposição de e é, portanto, constituinte do sintagma preposicional introduzido pela preposição de. Uma vez que se trata de um sintagma nominal, deve ocorrer a contração do determinante artigo definido o com a preposição de; portanto, a frase correta, neste caso, é «Assim, é função do gramático preservar o uso de ser corrompido pela ignorância.»
De acordo com a norma-padrão, a contração da preposição de com o determinante artigo definido não é permitida quando existe uma fronteira de oração. Caso a oração infinitiva fosse um complemento da preposição e não o sujeito da frase, então o ideal seria a não ocorrência da contração, como se verifica em (1). Todavia, tal como assinalam Eduardo Paiva Raposo e Maria Francisca Xavier na Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian), a contração com a preposição de em fronteira de oração, «sendo estigmatizada na norma-padrão, é, no entanto, bastante comum na oralidade e mesmo na escrita menos formal» (pág. 1508). Portanto, frases como (1) são indiscutivelmente corretas, enquanto casos como (2) só se aceitam na oralidade ou na escrita muito informal:
(1) Satisfaz-nos a ideia de o gramático preservar o uso de ser corrompido pela ignorância.
(2) Satisfaz-nos a ideia do gramático preservar o uso de ser corrompido pela ignorância.