DÚVIDAS

Contração ou não: «em nome de», «no nome de»

Sabemos que a contração entre artigo e preposição é um recurso bastante utilizado na língua portuguesa. Por exemplo, a preposição em associada aos artigos o e a pode resultar nos termos no e na, respectivamente. Contudo, ultimamente tenho observado a não utilização deste recurso gramatical em alguns textos e discursos, principalmente antecedendo a expressão «nome de», com o sentido de representar algo ou alguém. Por exemplo, «Venho em o nome do Estado brasileiro declarar guerra ao seu país...» em vez de «Venho no nome do Estado brasileiro declarar guerra ao seu país». A não utilização da contração em expressões do tipo poderia ser justificada por eufonia, tendo em vista que a expressão «no nome», repetiria a sílaba no.

Gostaria de saber o seu ponto de vista sobre o correto emprego da contração neste contexto (obrigatório ou facultativo). Reforçando, só achei estranho porque antigamente todos os textos traziam contração e, a partir de algum tempo, não vejo mais (neste contexto específico de «em o nome de»).

Resposta

O uso da expressão «em o nome de» é incorreto, porque a sequência «em o» se contrai geralmente como no; seria de esperar, portanto, que a expressão tivesse a forma «no nome de». No entanto, para referir a situação de alguém representar uma entidade concreta, singular ou coletiva, emprega-se a expressão fixa «em nome de», sem incluir artigo definido.

Observe-se, contudo, que, no que toca à preposição em a anteceder o artigo definido, pode não fazer-se a contração antes do título de obras como livros, revistas, jornais, contos, poemas (cf. Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1984, p. 210):

«A notícia saiu em O Globo.» (ibidem)

Pode também fazer-se a contração da preposição com o artigo definido, mas juntando um apóstrofo:

«A notícia saiu O Globo

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa