O termo comprovativo, apesar de ser habitualmente usado como nome/substantivo — e tal classificação parece dever-se, sobretudo, ao facto de se preceder essa palavra por determinantes, tal como: o (artigo definido), um (artigo indefinido), este/esse/aquele (demonstrativo) ou mesmo meu/teu/seu (possessivo) —, na realidade, é um adjectivo, como o atestam vários dicionários (Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora; Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa). Enquanto adjectivo, comprovativo era usado, decerto, a acompanhar e a ilustrar um substantivo/nome que representasse um documento, como, por exemplo: declaração, atestado, certificado, certidão, diploma, processo... E tal adjectivo reforçava o valor de tal documento. Parece tratar-se de um pleonasmo, em que se repete uma ideia. E talvez devido a essa repetição ilógica, se tenha começado a optar pelo uso do adjectivo (em que é bem visível a ideia de «prova») e se tenha suprimido o substantivo/nome, dando-se ao adjectivo, incorrectamente, o estatuto/valor de nome. A expressão correcta será «Tenho o documento comprovativo».
Por isso, e para se poder responder à pergunta do consulente, em princípio, dever-se-á ter em conta a preposição que é pedida pelos nomes/substantivos referidos: «atestado de aptidão física», «certidão de nascimento», «certificado de habilitações», «diploma de licenciatura», «declaração de residência».
Sendo assim, depreendemos que a preposição de se usa antes de nomes/substantivos, como, por exemplo: «Tenho o documento comprovativo das habilitações literárias», «Ele trouxe o certificado comprovativo do estágio profissional», «Eles apresentaram um atestado comprovativo de doença infecciosa».
Por sua vez, quando se quiser introduzir uma frase, isto é, quando se optar por explicitar uma situação, não podemos esquecer-nos de que a regência estará sempre ligada ao nome/substantivo, do que se infere que a preposição de estará sempre correcta. Reparemos nas frases seguintes: «Tenho o documento comprovativo de que/como estive a trabalhar nesse dia»; «Entreguei a declaração comprovativa de que/como tinha sido testemunha no processo».
É preciso, no entanto, assinalar que, em linguagem notarial, estes substantivos costumam ser seguidos da locução em como. Parece tratar-se de um traço conservador desse tipo de registo, visto no português medieval os verbos declarativos poderem ser seguidos de em como [«...foy dito a elrey em como o Arcebispo recusava fazer o que tinha prometido.» in Augusto Epiphanio da Silva Dias, Syntaxe Historica Portuguesa (Lisboa, Livraria Clássica Editora, 2.ª edição, 1933, pág. 263)]. Estando os substantivos atrás referidos estreitamente ligados aos verbos declarativos (são declarações), compreende-se que em como possa ainda ocorrer associado a comprovativo, certidão, declaração.