Com um complemento nominal, a locução «dar-se conta» rege a preposição de:
(1) «Ele deu-se conta do frio.»
Com complementos oracionais finitos, a locução «dar-se conta» pode construir-se com a preposição de, mas também admite a sua supressão:
(2) «Ele deu-se conta de que tinha de trabalhar.»
(3) «Ele deu-se conta [-] que tinha de trabalhar.»
Já o verbo aprender rege a preposição a quando construído com complementos oracionais:
(4) «Ele aprendeu a fazer este bolo.»
Neste âmbito das regências, as fases apresentadas pelo consulente levantam vários problemas. Um deles é o encontro da preposição com uma oração interrogativa preposicionada, como acontece em (5). Outro é o encontro entre a preposição e o advérbio interrogativo, em (6):
(5) «*Deu-se conta de a quem deveria dar seu amor.»
(6) «*Aprendeu a como fazer a torta de limão.»
Sendo a construção apresentada em (5) inaceitável, a solução será a de procurar construções de reformulação que evitam a situação assinalada acima, como as seguintes:
(7) «Compreendeu a quem deveria dar o seu amor.»
(8) «Deu-se conta de que deveria dar o seu amor àquela pessoa.»
No caso da frase com o verbo aprender, a solução poderá passar pela omissão da preposição (9) ou pela não utilização do advérbio como (10):
(9) «Aprendeu como fazer a torta de limão.»1
(10) «Aprendeu a fazer a torta de limão.»
Disponha sempre!
*Assinala a inaceitabilidade da frase.
1. Note-se que esta frase poderá não ser aceitável para todos os falantes, pelo que será preferível uma construção como «Já sabe como fazer a torta de limão.»