Nas fontes consultadas, não foi possível encontrar comentário que incidisse diretamente sobre o uso de dado com conjuntivo. Mas não se trata de uma construção incorreta, pelo contrário.
Com efeito, é possível abonar tal uso com uma atestação no epistolário de Machado de Assis:
(1) «Agradeço-lhas, mas não valia a pena, já porque a divulgação não viria de sua parte, já porque, dado viesse, seria ainda um sinal da afeição que me tem. » (Corpus do Português)
Em (1), à construção parece associar-se um valor condicional a um valor concessivo. Estes valores encontram eco no registo que no Aulete Digital se faz da locução conjuntiva dado que, a qual além de introduzir orações causais com o verbo no indicativo, aparece também como expressão equivalente à conjunção condicional se e à conjunção concessiva embora. Sobre a omissão de que e o emprego conjuncional de dado não se obteve informação, mas, a respeito de posto que, está identificada a possibilidade de a locução se reduzir a posto, com valor concessivo e seleção do verbo no conjuntivo:
(2) «Calúnias vertidas sobre as cinzas de indivíduos que não se sabem defender, mas que as academias de hoje, posto valham menos do que eles, não devem, nem querem sem pleno desagravo» (Alexandre Herculano, Opúsculos I, 226, citado por A. Epifânio da Silva Dias, Sintaxe Histórica Portuguesa, Livraria Clássica editora, 1933, p. 281).
1 Consultaram-se Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Edições João Sá da Costa, 1984; Evanildo Bechara, Moderna Gramática Portuguesa, Editora Lucerna, 2003; Napoleão Mendes Almeida, Gramática Metódica da Língua Portuguesa, Saraiva, 2009.