Não há certezas acerca da expressão, que é também bastante usada em Espanha.
Uma das explicações tradicionais pretende que Ceca (em português, também se regista Seca1) «era a designação popular da mesquita de Córdova», conforme comenta Sérgio Luís de Carvalho, em Nas Bocas do Mundo (Lisboa, Planeta Manuscrito, 2010, pág.97/98), onde acrescenta:
«[...] correr Ceca e Meca remete para as antigas peregrinações hispano-muçulmanas que se faziam entre a principal cidade santa do Islão e a capital muçulmana da Ibéria. Saliente-se que, de entre todas as antigas cidades islâmicas que tinham mesquita, Córdova era a mais distante de Meca.[...]»
Note-se, porém, que ceca é um termo de origem árabe que significa «casa onde se cunha moeda», e não «mesquita»1. Vem, portanto, a propósito citar F. Corriente, que, no seu Diccionario de Arabismos (Madrid, Editorial Gredos, 2003), observa o seguinte (desenvolveram-se as abreviaturas usadas na fonte consultada):
«Ceca (castelhano y gallego) y seca (catalão) 'casa de moneda' y (portugués, sólo en la expresión Ceca e Meca, similar a la castellana de la Ceca a la Meca o de Ceca en Meca y gallego da Ceca para a Meca 'de un lado para otro'): del andalusí sákka < [árabe] clásico sikkah 'troquel [prensa para cunhar moeda] para hacer moneda'. Tal vez los andalusíes elaboraron dicha frase referiéndose a la casa de la moneda de Córdoba y aprovechando la rima, aunque no está documentado el dicho antes del castellano. [...]»1
Em nota etimológica à entrada ceca, o Dicionário Houaiss parece repetir a tese de Corriente:
«ár. hispânico sekka, red. de dār as-sekka "casa da moeda", e este do ár. síkka "moeda", prov. pelo cast. ceca (1511); em esp., a escolha do voc. na frase "de Ceca en Meca" ou "de la Ceca a la Meca" deve-se, segundo Corominas, a uma consonância com Meca “lugar célebre por ser distante e pertencente ao mundo árabe, como Ceca“; JRFras afirma ainda ser Ceca ou Seca palavra bérbere as-seca "povoação, habitação, casa".»
É, pois, plausível que, na génese da expressão em apreço, Ceca e Meca ocorram sem referência específica a lugares realmente existentes, mas apenas como forma de criar uma rima, que, ao mesmo tempo, permite exagerar (hipérbole) o esforço associado à longa deslocação a que a expressão parece, afinal, aludir.
Refira-se que, em português, existe outra versão desta locução: «por ceca e meca e olivais de Santarém» (ver obra citada de S. Luís de Carvalho).
1 Seca é a forma que ocorre a par de Ceca na obra Nas Bocas do Mundo, de Sérgio Luís de Carvalho. Contudo, na aceção de «casa onde se cunha moeda», a dicionarística em língua portuguesa regista ceca, e não seca, muito embora na toponímia de Portugal meridional se encontre Asseca, que José Pedro Machado considera forma menos adequada do que Aceca e que este lexicógrafo crê remontar ao árabe as-saquīa, "o canal". Observe-se ainda que muitos arabismos introduzidos na língua no período medieval se escrevem com c ou ç, – acelga < as-silqa; açúcar < as-sukkar – e não com s ou ss, o que reforça a adequação de Ceca, do ponto de vista histórico e ortográfico.
2 Note-se que, em espanhol, por andalusí se entende «árabe falado em Espanha nas regiões onde se desenvolveu a cultura árabo-islâmica».