Tem muita razão para apresentar a sua dúvida.
À frase de Cegalla falta o contexto e/ou a situação em que se considera a frase.
Diz a "Nova Gramática do Português Contemporâneo" de Celso Cunha (brasileiro) e Lindley Cintra (português), p. 472, que o "pretérito mais-que-perfeito do conjuntivo pode indicar:
"Uma acção anterior a outra acção passada (dentro do sentido eventual do modo conjuntivo):
-
"Esperei-a um pouco, até que tivesse terminado sua 'toilette' e pudéssemos sair juntos."
Parece-me ser este o caso da frase da consulta.
Segundo esta doutrina, a frase da "Gramática" de Cegalla, que é boazinha, devia dizer-se deste modo: -
Foi bom que ele tivesse saído daqui.
O Dr. Ernesto Carneiro Ribeiro (também brasileiro) diz na pág. 598 da 5.ª edição (1950), dos "Serões Grammaticaes ou Nova Grammatica Portugueza":
"Se, porém, a acção exprimida pelo verbo da subordinada é anterior à que exprime o verbo da principal, emprega-se naquella o mais-que-perfeito do subjuntivo."
Das frases, eis duas: -
Desejava que elle tivesse vindo.
-
Desejei que elle tivesse vindo.
É este, pelo menos parece, o caso da frase em questão, principalmente a frase d). Estamos em presença duma acção passada anterior a outra também passada.
Mais ainda: a língua/linguagem não é só para ser compreendida. É também para ser sentida. Eu sinto que o correcto é: -
Foi bom que ele tivesse saído daqui.
E agora uma pergunta atrevida: Que sente o prezado Eugénio Geppert?
Depois destas considerações, lembrei-me de consultar a "Grammatica Portugueza" de Júlio Ribeiro (brasileiro), edição de 1891. Acerca da correspondência dos tempos (pág. 288) diz ele que, ao pretérito perfeito do indicativo corresponde, no conjuntivo, o pretérito perfeito e o mais-que- perfeito:
Julguei que tu viesses.
Julguei que tu tivesses vindo.
É natural que Cegalla se tenha enganado, ou que estivesse imaginando determinado contexto que não o deu a conhecer.