Celso Cunha e Lindley Cintra (Nova Gramática do Português Contemporâneo, 1997, pp. 445/446), incluem o verbo renhir no segundo dos dois grupos em que dividem os verbos defectivos. Nesse grupo, cujo modelo é o verbo falir, explicam que esses verbos «(...) no presente do indicativo, só se conjugam nas formas arrizotónicas [isto é, não acentuadas na raiz verbal] e não possuem, portanto, nenhuma das pessoas do presente do conjuntivo nem do imperativo negativo; e no imperativo afirmativo, apresentam apenas a 2.ª pessoa do plural». Por outras palavras, não é possível dizer «eu falo», no sentido de eu «falir», nem «eu renho» no sentido de eu «renhir».No entanto, João Antunes Lopes (Dicionário de Verbos Conjugados, p. 411) afirma que Camilo Castelo Branco escreveu «rinhem» em “A Bruxa do Monte Córdova”. Esta ocorrência permite supor que Camilo seguiu o modelo, por exemplo, de «agredir» para construir a terceira pessoa do plural do presente do indicativo: «eles rinhem». Assim, pode sugerir-se que o verbo renhir tenha as seguintes formas do presente do indicativo: rinho, rinhes, rinhe, renhimos, renhis, rinhem. A partir da 1.ª pessoa constrói-se o presente do conjuntivo/subjuntivo: (que) «eu rinha», «tu rinhas», etc. O verbo é, pois, irregular, mas deixa de ser defectivo. Há que observar, porém, que a frase que o consulente apresenta é típica da Galiza, pois nela se usa o presente do conjuntivo/subjuntivo, quando seria de esperar o futuro do conjuntivo/subjuntivo, pelo menos, em Portugal: «Quando eu renhir com a minha mãe.» Além disso, parece-me que o significado de renhir na frase é também específico da Galiza, já que ralhar é, em Portugal e talvez no Brasil, a palavra mais adequada a esse contexto, com o sentido de «repreender». Note-se que o Dicionário da Academia (português) e o Dicionário Houaiss (brasileiro) definem renhir como próximo de «combater» e «argumentar» e não como «ralhar» ou «repreender». Em conclusão, a frase a sul do Minho (rio que separa Portugal da Galiza) seria «Quando eu ralhar com a minha mãe».