O s (inicial e/ou ss entre vogais) é uma consoante fricativa apicodental, pronunciada com o apoio da ponta da língua nos incisivos superiores ou inferiores, conforme a forma da concavidade da abóbada palatina de cada um, predominando talvez a segunda posição, o que sempre sucede no caso do francês.
O s espanhol de Santander (onde se fala o melhor castelhano) é idêntico ao normal do português, acima descrito, e tem este valor quer inicial, quer intervocálico, quer final. Contudo, em castelhano é também muito frequente a pronúncia (existente ainda hoje em português dialectal) do chamado s reverso, ou seja apicoalveolar, proferido com a ponta da língua apoiada na parte convexa das gengivas dos incisivos superiores. Curiosa é a evolução da pronúncia espanhola do s, que, antes de ser surdo como actualmente, foi sonoro no período antigo da língua, como é hoje em português em casa ou mesa (para dar os mesmos exemplos).
Quanto ao c antes de e/i (=ts, surdo) e z (=dz, sonoro), no espanhol antigo, convergiram desde o séc. XVI no som surdo ocorrente hoje, por exemplo em «cerilla» e «azúcar», e a sua pronúncia é sensivelmente igual à do th inglês de «think» ou «thought».
Cf. Rodrigo de Sá Nogueira, «Elementos para um Tratado de Fonética Portuguesa» (Lisboa, 1938) e E. V. Litvinenko, «Historia de la lengua española» (Kiev, 1983).