Relativamente a esta questão, consultámos duas gramáticas, uma de abordagem tradicional, a Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra [(1984) 2005)], e outra de abordagem mais recente, Gramática da Língua Portuguesa, de Mateus et aliae (2003). Ora, a explicação não diverge muito de uma para a outra, o que significa que, a este respeito, a língua não evoluiu. Destacamos abaixo a descrição relevante da colocação dos adjectivos apresentada na dita gramática tradicional, por esta ser a mais sucinta:
«I. Sabemos que, na oração declarativa, prepondera a ORDEM DIRECTA, que corresponde à sequência progressiva do enunciado lógico.
Como elemento acessório da oração, o adjectivo em função de ADJUNTO ADNOMINAL deverá, portanto, vir com maior frequência depois do substantivo que ele qualifica.
2. Mas sabemos, também, que ao nosso idioma não repugna a ORDEM chamada INVERSA, principalmente nas formas afectivas da linguagem e que a anteposição de um termo é, de regra, uma forma de realçá-lo.
3. Podemos, então, estabelecer previamente que:
a) sendo a sequência SUBSTANTIVO + ADJECTIVO a predominante no enunciado lógico, deriva daí a noção de que o adjectivo posposto possui valor objectivo:
noite escura dia triste
rapaz bom campos verdes
b) sendo a sequência ADJECTIVO + SUBSTANTIVO provocada pela ênfase dada ao qualificativo, decorre daí a noção de que, anteposto, o adjectivo assume um valor subjectivo:
escura noite triste dia
bom rapaz verdes campos
Adjectivos pospostos ao substantivo.
Colocam-se normalmente depois do substantivo:
a) os adjectivos de natureza classificatória, como os técnicos e os de relação, que indicam uma categoria na espécie designada pelo substantivo:
animal doméstico água mineral
flor silvestre deputado estadual
b) os adjectivos que designam características muito salientes do substantivo, tais como a forma, dimensão, cor e estado:
terreno plano calça preta
homem baixo mamoeiro carregado
c) os adjectivos seguidos de um complemento nominal:
um programa fácil de cumprir
uma providência necessária ao ensino
Adjectivo anteposto ao substantivo.
I. De um modo constante, só se colocam antes do substantivo:
a) os superlativos relativos: o melhor, o pior, o maior, o menor […].
b) certos adjectivos monossilábicos que formam com o substantivo expressões equivalentes a substantivos compostos:
bom dia má hora
c) adjectivos que nesta posição adquiram sentido especial, como simples (= mero, só, único); comparem-se:
Nessa ocasião, ele era um simples escrevente [= um mero escrevente].
Este escritor tem um estilo simples [= um estilo não complexo].
2. Afora esses casos, o adjectivo anteposto assume, em geral, um sentido figurado. Comparem-se, por exemplo:
um grande homem [= grandeza figurada]
um homem grande [= grandeza material]
uma pobre mulher [= uma mulher infeliz]
uma mulher pobre [= uma mulher sem recursos]»
(Cunha e Cintra, 2005:268-270)
Conclui-se, portanto, que apenas a diferente posição de qualquer adje{#c|}tivo não significa nem nunca significou uma mudança obrigatória de significado. Como vimos, há casos em que um adje{#c|}tivo se pode colocar antes ou depois do substantivo, sem que isso altere o seu significado, atribuindo apenas ênfase; por vezes, com determinado tipo de adjectivos, a sua posição interfere com a sua significação; por último, há casos em que podem ocorrer apenas numa posição (pospostos ou antepostos). Resumindo, a selecção da ordem de colocação dos adjectivos em função de adjunto adnominal é muito mais complexa do que parece à primeira vista. A posição e a alteração ou não do significado dependem da subcategoria a que pertencem os adje{#c|}tivos em questão, ou seja, obedecem a restrições de carácter semântico.
Há nuances semânticas no primeiro grupo, conforme a posição do adjectivo. Mas o adjectivo distritais, dada a sua natureza classificatória, é obrigatoriamente posposto ao nome.
Sempre ao seu dispor.