A frase apresentada inclui as seguintes orações:
- «Enquanto contava histórias» - oração subordinada adverbial temporal;
- «a mulher recordava-se da infância vivida na fazenda» - oração subordinante;
- «cercada de crianças inquietas» - oração subordinada (não finita) participial;
- «vivida na fazenda»1 - oração subordinada (não finita) participial;
- «por onde corria livremente» - oração subordinada adjetiva relativa explicativa;
- «tocando o gado» - oração subordinada (não finita) participial;
- «alimentando a criação» - oração subordinada (não finita) participial e coordenada assindética da oração anterior
- «e plantando florezinhas no jardim» - oração subordinada (não finita) participial e coordenada copulativa da anterior;
- «para ocupar o tempo que parecia não ter fim» - oração subordinada adverbial final;
- «que parecia não ter fim»2 - oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
No que respeita às designações dadas à chamada oração subordinante, importa referir que, normalmente, são expressões sinónimas. As diferenças de designação ficam a dever-se, normalmente, ao quadro teórico a que pertence a análise desenvolvida. Entre os termos referidos pela consulente, foi possível identificar o uso da expressão «frase matriz» por João Andrade Peres e Telmo Móia, em Áreas Críticas da Língua Portuguesa (Lisboa, Editorial Caminho, 1995, p. 24): «[...] as orações subordinadas são parte integrante da frase total, onde parecem "encaixadas". Recorrendo a terminologia também corrente, usaremos a designação de frase matriz para as frases tomadas na sua totalidade [...].» (ver esta resposta). O termo «oração nuclear» é usado, por exemplo, por Maria Helena Moura Neves em alguns dos seus trabalhos (cf., por exemplo, «Funcionalismo e descrição do português» in Veredas: revista de Estudos Lingüísticos. Juiz de Fora, vol. 2, nº 3 - p. 69–75). Por fim, não identificámos nenhum autor que adote exclusivamente a expressão «oração base», embora a expressão seja usada, por vezes, para referir um elemento nuclear da frase (oração ou constituinte).
Disponha sempre!
1 Esta oração surge duas vezes, na medida em que ela integra o constituinte «da infância vivida na fazenda», sendo um modificador do nome restritivo de infância.
2 A oração surge duas vezes porque integra o constituinte «o tempo que parecia não ter fim», desempenhando a função de modificador do nome restritivo de tempo.