Ensina assim o «Dicionário Gramatical da Língua Portuguesa» de Celso Pedro Luft:
«Analogia - Em Gramática Histórica, tendência para amoldar as formas raras e irregulares às formas predominantes e regulares. É a analogia que explica evoluções que aberram das tendências fonéticas normais».
a) Analogia fonética ou prosódica. - É a que tem carácter exclusivamente fonético ou prosódico: o português estrela (com r) provém do latim "stella(m)" por analogia com astro.
Projéctil e réptil têm o il átono. Mas por analogia com os substantivos com o il tónico, como funil, ardil, gomil, etc., há quem pronuncie como agudas /reptil/ e /projectil/.
b) Analogia morfológica. - Diz respeito à forma da palavra. Ex.: motorneiro é substantivo formado de motor + -eiro. A presença do n deve-se à analogia com palavras como jardineiro, torneiro. As formas populares sube (soube) e trucie ou trusse (trousse) deve-se à analogia com formas verbais como pude, fui.
c) Analogia sintáctica. - É aquela que se evidencia no campo da sintaxe, isto é, da construção da frase: assistir um espectáculo (errado) por assistir a um espectáculo. Há analogia de assistir (transitivo indirecto) com ver (transitivo directo). Uma pouca de água por um pouco de água. Esta alteração é devida ao cruzamento de um pouco de água com pouca água.
d) Analogia semântica. - Diz respeito ao significado: intemerato (puro, íntegro), empregado com o significado de sem temor por analogia (semelhança) com temer.
Intemerato provém do latim «intemeratu(m)», que nada tem que ver com o latim «timore(m)», donde o nosso temor.
Como se diz que o burro é um animal estúpido, por analogia com este animal, diz-se que Fulano é burro, querendo significar que é estúpido ou mesmo ignorante, mas não burro como animal.