O conceito de predicado varia de acordo com as correntes linguísticas. Por exemplo, a Gramática Prática de Português, da Lisboa Editores, elaborada de acordo com a versão não revista da Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS), tem uma visão alargada de predicado e, por isso, considera os complementos ou as expressões adverbiais em geral como fazendo parte do predicado.
Desta forma, a análise proposta para as duas frases está correcta, pelo menos, em relação à delimitação do predicado. Mas note-se que a análise tradicional em Portugal tinha outra visão sobre o predicado, definindo-o como a forma verbal (simples, composta ou com auxiliar) de um verbo significativo, sem incluir complementos e modificadores, ou como a expressão formada por um verbo copulativo e pelo predicativo do sujeito (ver resposta anterior).
Quanto à classificação dos restantes constituintes sintácticos da segunda frase, cabe observar que «Acredito na força do meu braço» evoca o modelo as primeiras palavras do Credo: «Credo in unum Deum.» Deum está no caso acusativo, que corresponde ao complemento directo em português. Assim, na frase apresentada, «na força» é um complemento regido por preposição, equivalente ao complemento (objecto) directo.
A descrição tradicional portuguesa tem alguma dificuldade com as regências, classificando-as muitas vezes como complementos circunstanciais. Contudo, autores próximos dessa tradição propõem outro tipo de análise. Bechara (Moderna Gramática Portuguesa, pág. 419) aplica o termo complemento relativo ao complemento verbal introduzido por preposição; Celso Cunha e Lindley Cintra (Nova Gramática do Português Contemporâneo, págs. 144-146) usam complemento indirecto, nele incluindo não só o beneficiário de uma acção («ao João» em «dei um livro ao João»)1 mas também as regências («à missa» em «assisti à missa»; «de cinema» em «gosto de cinema»). Em suma, a classificação de «na força do meu braço» como objecto directo está correcta, se o consulente tiver em mente uma análise feita de acordo com Cunha e Cintra (op. cit.).
Finalmente, segundo a Gramática Prática de Português, da Lisboa Editores, «do meu braço» é um complemento preposicional de nome. As gramáticas portuguesas mais tradicionais é que classificam «do meu braço» como complemento determinativo.
1 O complemento indirecto é normalmente o destinatário ou aquele que ganha ou perde com a acção. Eis um exemplo: «O João enviou uma carta de amor à Isabel, mas ela devolveu essa carta ao João.»
Na primeira oração, a Isabel é o complemento indirecto (beneficiou com a acção); na segunda oração, o João é o complemento indirecto, mas, coitado, ficou a perder com acção da Isabel.