É sempre redutor etiquetar a Análise do Discurso, uma disciplina recente, com uma ascendência complexa, que cruza Pragmática com Etnografia e Teoria da Enunciação, entre outras áreas. E se, na tentativa de classificar as várias abordagens, recorrermos apenas a gentílicos, a simplificação torna-se abusiva.
Admite-se que haja a Análise do Discurso com origem na Escola Francesa e a Análise do Discurso que não tem esta origem, sendo esta última um agregado muito heterogéneo de propostas teóricas.
Designa-se por Escola Francesa um conjunto de investigações emergente durante os anos 60 e 70, que teve como marco a publicação do n.º 13 da revista Langages (com o título «L’Analyse du Discours») e do livro de M. Pêcheux Analyse automatique du discours. Pêcheux, por sua vez, foi particularmente influenciado pelo artigo de Z. S. Harris, americano, que usa pela primeira vez o termo discourse analysis (1952).
Podemos também falar de estudos francófonos que aliam a Teoria da Enunciação ao levantamento de géneros textuais/regularidades composicionais do discurso (com destaque para J.- M. Adam; J.-P. Bronckart, D. Maingueneau, P. Charaudeau) e que remonta à teorização fecunda de M. Bakhtin, russo. Francófona, mas não francesa, é também a Análise Modular do Discurso, de E. Roulet.
Do lado da Análise do Discurso não francófona, há a considerar várias perspectivas:
— a que foca as formas de exercício de poder que se estabelecem no discurso (Análise Crítica do Discurso, de T. van Dijk, holandês, com a principal bibliografia em inglês e espanhol)
— a que assume uma perspectiva interaccional (a Conversation Analysis, de raiz etnometodológica, com a necessária referência ao nome de G. Jefferson, americana).