Há vários campos. Alguns além destes: campo de entoação/mostrativo/sintáctico/transformacional.
Um campo é uma área. Dizemos assim: a enxada não pertence à área (=campo) da minha profissão, porque eu sou carpinteiro. Por isso, o campo lexical da carpintaria são a serra, o serrote, o martelo, a garlopa, a plaina, o alicate, o formão, etc. Estas palavras pertencem ao léxico (vocabulário) da carpintaria. E assim há o campo lexical da pastorícia, das plantas de jardim, dos animais domésticos, etc.
No que diz respeito aos campos, não tem havido verdadeira concordância. Tenho aqui à mão, por exemplo, o «Vocabulaire de la Linguistique» de J.-F. Phelizon, que diz o seguinte: «Champ lexical: Synonime de champ sémantique.» Na resposta anterior, há referência a isto.
Traduzo agora o que ensina o dicionário «Le langage» sob a direcção de Bernard Pottier na entrada «Champ Lexical»: «Distingue-se habitualmente o campo lexical do campo semântico: o primeiro interessa-se por todas as palavras que designam o mesmo sector da realidade; o segundo liga-se a uma só palavra que pode ter empregos muito diversos. E assim será possível descrever o campo lexical duma técnica (vocabulário da «marinha» ou dos «caminhos de ferro»), da publicidade, duma ideia (palavras empregadas para traduzir o «medo» ou o «desespero», etc.). Por outro lado, um campo lexical pode ter por objectivo um estudo sincrónico (o campo lexical da «cortesia» no século XIII) ou o estudo diacrónico (a formação do vocabulário da linguística, do século XVIII ao século XX por exemplo).»
A noção de campo tem sido, e ainda é, um tanto complexa e controversa. Ainda não há critérios formais para delimitar os campos semânticos. Daí incluir-se num campo semântico um conjunto de sinónimos.
Para delimitar um campo semântico, costuma-se proceder do seguinte modo: determina-se um denominador semântico comum. Assim, no denominador comum liberdade, temos, entre outros, os vocábulos:
a) liberdade, libertação, livramento, libertamento;
b) livre, independente, libertado;
c) servidão, escravidão, prisão, cativeiro;
d) tirania, poder, imperialismo.
Etc.
Na alínea a), não se confunda palavras da mesma família com campo semântico. As palavras da mesma família pertencem, ou podem pertencer, a um campo semântico. Mas uma coisa é pertencer, outra é ser.
Costuma-se chamar campo semântico a um conjunto de palavras que têm um denominador comum. E denominador é o que denomina. Assim, as palavras como calças, casaco, camisa, camisola, etc., têm um denominador comum, que é roupa. Todas estas peças de vestuário estão incluídas na denominação de roupa. Pertencem ao campo semântico de roupa. Mas isto não é o mesmo que «o conjunto de acepções diferentes de um mesmo vocábulo em contextos diferentes.» Por isso, as palavras calças, casaco, etc. não são as várias acepções de roupa, mas sim as peças de vestuário que estão incluídas na denominação de roupa.
A um conjunto de palavras da mesma família, não parece que esteja lá muito certo chamar-lhe campo semântico. Vejamos, por exemplo, se no seguinte conjunto de palavras da família de livro há alguma que seja denominador comum: livro, livrinho, livrete, livreiro, livraria, livresco.
Se não houvesse as palavras livreiro e livraria, então poderíamos estar em presença dum campo semântico, porque todas elas podiam ser denominadas com a palavra livro.
Para organizarmos um campo lexical, temos de tomar por base a palavra; para organizarmos um campo semântico, temos de tomar por base a significação.
Enfim... como não há inteira concordância na discriminação dos campos, os linguistas que resolvam o caso.
Espero que, desta vez, tenha sido suficientemente esclarecedor, cara consulente.