Trata-se de um uso fora da norma-padrão, no qual parte da locução prepositiva «a fim de» passa a ter estatuto adjetival como «"afim" (de)», no sentido de «estar com interesse amoroso em, enamorado» (cf. «estar a fim de» como subentrada de fim, no Dicionário Houaiss). Com base na segmentação incorreta da palavra ("afim"), forma-se o aumentativo desta, com valor superlativo: «"afim" (de)» > «"afinzão" de», «"afinzona" de». Parece tratar-se de uma criação pontual no contexto do português popular do Brasil, que as regras gerais de formação de sufixação permitem, mas que não tem aceitação nem nos registos cultos e formais nem atestação dicionarística. Veremos se vai ficar ou não na língua.
Este caso não se enquadra na derivação parassintética, porque não envolve uma base a que se associem simultaneamente um prefixo e um sufixo (como acontece com anoitecer < a + noit- + -ecer). Como se referiu, o processo de formação de "afinzão" e "afinzona" é apenas o da derivação sufixal para produzir um aumentativo, pressupondo como base o resultado da reanálise de uma locução.
Acrescente-se, em jeito de esclarecimento para o público não brasileiro, que «dar bandeira» significa «deixar escapar algo que não podia ou não devia ser divulgado; expor-se, fazer uma inconfidência, geralmente por lapso ou ingenuidade» (Dicionário Houaiss, que inclui a seguinte abonação: «perdeu a fortuna mas não dá bandeira»). Sendo assim, a frase «não posso dar muita bandeira de que estou afinzona dele» será, num registo mais neutro e corrente, o mesmo que «não posso esconder que tenho grande atração por ele».