Nos dicionários consultados, apenas está prevista a construção do verbo pronominal questionar-se com a regência da preposição sobre seguida de um grupo nominal:
(1) «Questionava-se sobre a carreira a seguir.» (Dicionário Houaiss)
No Corpus do Português, de Mark Davies, confirma-se também a preferência por esta construção, surgindo também a alternativa com acerca:
(2) «[...] 69% questionam-se acerca da possibilidade de manutenção ou não de acordos de comércio internacionais» (Jornal Económico)
Deste modo, consideramos que a frase apresentada pelo consulente seria mais aceitável com a seguinte forma:
(3) «Ele questionou-se sobre a razão de tal atitude.»
Identificamos, no referido Corpus do Português, de Mark Davies, algumas frases em que o verbo na forma não pronominal, questionar, tem como argumento um complemento que é introduzido pelo advérbio interrogativo como:
(4) «À luz desses padrões que definem a gravidez e a AIDS é que comecei a questionar como seria o cotidiano de mulheres grávidas […]» (Mirian Santos Paiva, Vivenciando a gravidez […])
Note-se, porém, que, neste caso, o advérbio como não é pedido pelo verbo questionar, pois trata-se de uma estrutura interna à construção da interrogativa indireta que funciona como complemento direto de questionar.
De igual modo, de forma muito residual, o corpus inclui algumas frases com a forma pronominal do verbo, nas quais este parece ter um valor próximo de "perguntar-se", surgindo numa construção que parece acusar alguma influência da construção francesa «il se demandait»:
(5) «O autarca questiona-se mesmo como é que o Tribunal pode considerar que seis elementos que votaram não tinham a consciência dessa ilicitude» (Jornal do Fundão)
Apesar destes usos, consideramos, todavia, que a construção mais natural será aquela em que o verbo rege a preposição sobre.
Ainda assim será possível propor uma solução mais próxima da frase apresentada pelo consulente:
(6) «Ele questionou-se sobre como foi possível tal atitude.»
Disponha sempre!