Na gramática tradicional considera-se muitas vezes que uma oração é um constituinte que exige a presença de um verbo na forma finita. Nesta perspectiva, pode acontecer que não forma oração o constituinte com um verbo nas formas nominais (infinitivo, gerúndio e particípio), uma vez que esse constituinte pertence à oração em que se integra.
Assim, de acordo com a gramática tradicional, a frase «Esse é o prato que gosto de comer no final de semana» é constituída por apenas duas orações, a oração principal subordinante «Esse é o prato» e a oração subordinada relativa «que gosto de comer». O constituinte «que gosto de comer» é apenas uma oração, pois o verbo comer encontra-se na forma nominal infinitiva, não podendo ser constituinte de outra oração.
De acordo com a gramática generativa, o complemento de «gostar de», ou seja, comer é uma oração completiva ou substantiva não finita. A divisão sintáctica segundo a gramática generativa é a seguinte:
a) Frase matriz: «Esse é o prato que gosto de comer no final de semana.»
b) Frase encaixada a a) (relativa restritiva): «que gosto de comer no final de semana»
c) Frase encaixada a b) (completiva ou substantiva não finita): «de comer no final de semana»
Temos portanto três orações, segundo a gramática generativa.
Para mais esclarecimentos veja Mateus et alii, Gramática da Língua Portuguesa (Lisboa, Editorial Caminho, 2003), e João Andrade Peres e Telmo Móia, Áreas Críticas da Língua Portuguesa (Lisboa, Editorial Caminho, 1995).