Crónica do autor publicada no jornal i a propósito da abundância de notícias sobre situações caricatas na comunicação social portuguesa. Neste caso, envolvendo ainda um comentário com vários erros ortográficos de uma deputada portuguesa no Facebook – o que originou uma chuva de reações críticas nas redes sociais (e, posteriormente, retratação da visada).
Há meio século, o cronista brasileiro Stanislaw Ponte Preta (nom de plume de Sérgio Porto) institucionalizou o FEBEAPÁ – Festival de Besteira que Assola o País. O Brasil atravessava um período sombrio: governo militar, Congresso encerrado, jornais censurados. Nada comparável com aquilo que se vive hoje em Portugal (e arredores), onde no entanto decorre, incontestavelmente, poderoso e inegável festival. Como os dicionários registam como brasileirismo a "besteira" do FEBEAPÁ, este poderia ser substituído por FEASAPÁ, FEDIAAPÁ, FEPAAPÁ ou FETOAPÁ, conforme o termo escolhido fosse asneira, disparate, parvoíce ou tolice.
Alguns títulos retirados do Jornal de Notícias de domingo podem ilustrar a efectividade do Festival: «Criou Excel com desculpas da mulher para não fazer sexo»; «Mulher entra nua numa estação de serviço»; «Rapariga tira foto nua e envia ao pai por engano»; «Morreu engasgado num concurso de comer cachorros quentes»... A «cereja em cima do bolo» (enjoativo lugar-comum apreciado por muitos jornalistas) foi no entanto criada pela deputada do PS Catarina Marcelino, que mantém [no Facebook um espaço] para o seu ego, para os amigos e eleitores. Afirma o JN que, ao rebater insultos e acusações que lhe tinham feito, Marcelino conseguiu escrever "sensura", "tulero" e "bloquiare". Distraidíssima. Corrigiu os erros, cerca de dez horas mais tarde, quando um qualquer festival já a havia raptado, à vista das primárias ou à porta do parlamento, não se sabe ao certo.