O verbo servir apresenta múltiplas possibilidades de regência, estando estas disponíveis ou interditas de acordo com o sentido em que é usado.
Nesta acepção, que o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define como «trabalhar em favor de», o verbo, que era, como diz Celso Luft no Dicionário Prático de Regência Verbal, originalmente um transitivo indireto, tem, no português atual, as duas possibilidades. Pode ser direto e indireto, embora pareça haver, neste sentido, preferência pela regência direta.
Maria Helena de Moura Neves, na sua Gramática de Usos do Português, explica que:
a) pelo tipo de sintagma que constitui esse complemento:
a.1) a preposição é obrigatória antes de objeto direto expresso por pronome pessoal tônico
"Quem sabe resolvem ajudar a nós todos?"
(...)
a.2) a preposição a é facultativa e rara antes de sintagma nominal:
"Essa lei entretanto não transcende ao homem, ela não existe fora do homem."
a.3) a preposição a é facultativa e é menos rara antes de
— pronomes indefinidos como alguém, ninguém, ambos, todos, etc.:
"Comecei a amar a todos como eram, com defeitos e virtudes."
(...)
— nomes próprios, especialmente o nome Deus:
"Nenhum dos dois potentados parecia amar a Deus e muito menos ao vigário."
(...)
b) pela ordem dos termos: a preposição a é de uso comum quando se coloca o objeto direto antes do verbo:
"A homem pobre não se rouba."»
Deste modo, segundo a.2), não só está correta a frase em que há regência indireta («José de Tal 40 anos servindo à sociedade»), sendo a preposição a introdutora do complemento do verbo, complemento esse que se refere ao beneficiário da ação, como também estaria correta a versão com regência direta, sem preposição, «servindo a sociedade».
Assim, servir «significando "prestar serviços (a)", usa-se com complemento sem preposição (objeto direto) ou com complemento iniciado pela preposição a. Vivi na minha vida militar (...) grandezas próprias do ideal de SERVIR a Pátria. [...] SERVIU à Pátria tanto na área militar quanto na política. [...]» (ibidem).