O verbo comparecer tem um complemento oblíquo que pode ser introduzido quer pela preposição em quer pela preposição a (cf. Winfried Busse, Dicionário Sintáctico de Verbos Portugueses, Coimbra, Almedina, 1994).
Observe-se, porém, que há, pelo menos, no português de Portugal, uma pequena diferença semântica entre os usos de em e a, conforme se verifica nos seguintes exemplos (o * e o ? indicam pouca ou nenhuma gramaticalidade):
1. a. «O João não compareceu no escritório.»
b. */? «O João não compareceu ao escritório.»
2. a. «O João não compareceu no encontro.»
b. «O João não compareceu ao encontro.»
O confronto de 1 com 2 sugere que só se usa a preposição em com substantivos de sentido locativo1, referentes a lugares concretos (escritório, «sala de aula», edifício), Com substantivos que, além de terem eventual eventual sentido locativo, designam sobretudo eventos (p. ex., reunião, assembleia, aula, encontro), podem usar-se ambas as preposições. No entanto, no Brasil, parece favorecer-se a preposição a na regência desse complemento, mesmo com substantivos de interpretação mais concreta, conforme sugere uma consulta da Folha de S. Paulo; exemplos: «Chegou até a bloquear a movimentação eletrônica dos recursos para obrigá-los a comparecer a uma agência.»
Acrescente-se que o verbo se associa à preposição em em certas combinações frequentes (colocações): «comparecer em cena/juízo/tribunal/presença (de alguém)» (cf. Corpus do Português, de Mark Davies e Michael Ferreira). Contudo, em exemplos provenientes do Brasil, pode figurar a preposição a: «A CLI garante a ausência ao trabalho em alguns casos: [...] quando precisar comparecer a juízo [...].» (Folha de S. Paulo)
1 Também é possível a ocorrência de substantivos ou locuções de valor temporal, mas estes são analisáveis como modificadores do grupo verbal (adjuntos adverbiais no Brasil): «não compareceu na data marcada».