A expressão «dar de comer» é uma expressão fixa, que inclui uma oração reduzida de infinitivo introduzida pela preposição de. Esta estrutura pode ser interpretada como tendo um valor equivalente ao de uma oração adverbial final:
(1) «Dar de comer = Dar (alguma coisa) para comer»
Evanildo Bechara, na Moderna Gramática Portuguesa, propõe para esta construção a interpretação de que a estrutura «de + infinitivo» tem uma origem de valor adjetival:
«[...] [O] complemento formado por de e um infinitivo é, na sua origem, de caráter adjetivo. Dê-me algo, alguma coisa, qualquer coisa de comer, é como se disséramos algo comível ou comestível. Omitido o substantivo, significa só por si as coisas sobre que se exerce a ação do infinitivo: dê-me de comer = dê-me coisa que comer.» (p. 427)
Relativamente à seleção da preposição de, poderemos constatar que diferentes verbos podem selecionar diferentes preposições, tais como a, de, em, para, por:
(2) «Ele resistiu a ficar em casa.»
(3) «Ele recordava-se de ter sido castigado.»
(4) «Ele concordou em vir almoçar connosco.»
(5) «Ele pediu para vir connosco.»
(6) «Ele esforçou-se por ler todos os livros.»
Diferentes verbos regem diferentes preposições, pelo que bastará identificar os casos em que a regência tem lugar. Por esta razão, não se justificam as interpretações propostas para justificar a utilização da preposição de na construção em análise.
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