O se presente nesta frase não desempenha nenhuma função sintática, dado que não é um argumento do verbo declarar, mas, sim, uma propriedade lexical do próprio verbo. É denominado se inerente. Trata-se do mesmo se de verbos como queixar-se, comprometer-se, arrepender-se, esforçar-se, atrever-se.
Há duas grandes diferenças entre o se inerente e o se reflexo:
1. O se inerente não desempenha nenhuma função sintática; o se reflexo desempenha uma função sintática na frase, normalmente a de complemento direto (podemos substituí-lo por um grupo nominal – cf. Exemplo b):
(a) «A noiva maquilhou-se sozinha.»
(b) «A noiva maquilhou a sua madrinha.»
2. O se reflexo admite a coocorrência de expressões como «a si próprio/a», ao passo que o se inerente não admite:
(c) «A noiva maquilhou-se a si própria.»
(d) «O João lavou-se a si próprio.»
(e) * «O aluno queixou-se a si próprio ao diretor.»
(f) * «O rapaz declarou-se a si próprio à menina.»
Por conseguinte, o se presente na frase «O rapaz declarou-se à menina» é designado se inerente.