O nome geográfico África, depois de preposição, pode empregar-se com e sem artigo: «vento de África» (sem qualquer artigo), «vão para a África» (com artigo definido).
Quando África ocorre sem preposição, tem artigo: «A África é um continente» (a não ser que ocorra em títulos de jornal: «África exposta à mudança de clima»).
Tanto quanto se pode apreciar, não se trata de uma questão de feminidade, nem a omissão do artigo definido, ou seja, da sequência formada por preposição e este nome próprio, configura uma caso de masculinidade ou machismo linguístico. Com efeito, se assim fosse a questão também se poria – e não se põe – em relação aos casos semelhantes de «em/na Espanha/França/Inglaterra/Itália», que evidenciam o mesmo tipo de oscilação no uso.
Note-se que África, como Espanha/França/Inglaterra/Itália, dispensa a associação de artigo definido1 talvez como traço arcaico, uma vez que na língua antiga era mais frequente os topónimos ocorrerem sem artigo definido. Os casos de Castela, Leão e Aragão, nomes dos reinos medievais peninsulares que estão muito presentes na documentação mais antiga, sugerem essa hipótese: «vivo em Leão/Castela/Aragão» ( e não «vivo *no Leão/*na Castela/*no Aragão»).
O mesmo parece acontecer com Marrocos («nasci em Marrocos», embora no português Brasil apareça o artigo definido) e com alguns nomes também são recorrentes desde os tempos da colonização: «nasci em Angola/Moçambique». No entanto, foge a esta lógica, Cuba, em referência ao país das Antilhas assim chamado, que aparece igualmente sem artigo definido: «em Cuba» (não é de excluir a influência do castelhano, que raramente admite artigo com nomes de países e continentes).
1 Não assim entre falantes do Brasil, que empregam sistematicamente o artigo definido com estes nomes geográficos (comunicação pessoal do consultor Luciano Eduardo de Oliveira).