Em primeiro lugar, aconselhamo-la a consultar a resposta Concordância de adjetivos com substantivos coordenados, de Carlos Rocha.
No entanto, como na 1.ª frase que o consulente nos apresenta — «Envio os respectivos mapa e calendário» —, o adjetivo está colocado antes dos substantivos, a situação é diferente da focada na resposta citada, pois «a posição do adjetivo (anteposto ou posposto aos substantivos) [é uma das] condições que permitem a concordância do adjetivo com os substantivos englobados, ou apenas com o mais próximo» (Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 17.ª ed., Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 273).
Ora, e segundo a gramática referida, a regra geral para «o adjetivo [que] vem antes dos substantivos» estipula que «o adjetivo concorda em género e em número com o substantivo mais próximo, ou seja, com o primeiro deles» (idem), tal como se pode verificar através dos exemplos fornecidos:
«Vivia em tranquilas montanhas e bosques.»
«Tinha por ele alto respeito e admiração.»
«Tinha por ele alta admiração e respeito.»
O único caso em que o «adjetivo [colocado antes do substantivo] vai sempre para o plural» é precisamente o que foi citado pelo consulente, ou seja, «quando os substantivos são nomes próprios ou nomes de parentesco» (idem, p. 274), o que se observa nos seguintes frases:
«Portugal cultua os feitos dos heróicos Diogo Cão e Bartolomeu Dias.»
Tratando-se, portanto, de uma frase cujos substantivos não são nomes próprios nem graus de parentesco, deduz-se que o adjetivo deva ter a forma singular, concordando com «mapa», o substantivo mais próximo. A frase ficaria, assim: «Envio o respectivo mapa e calendário».
Não é estranho que se questione tal regra, sobretudo se tivermos em conta que a diferença da colocação do adjetivo no plural ou no singular se deva à particularidade — dos nomes próprios e graus de parentesco — criada dentro dos substantivos comuns, classificação em que se enquadram «mapa» e «calendário».
É de referir, também, que a concordância mais comum ocorre nos casos em que «o adjetivo vem depois dos substantivos, se os substantivos são do mesmo género e do singular, pois o adjetivo toma o género (masculino ou feminino) dos substantivos e, quanto ao número, vai para o singular» (idem, p. 274), como se pode ver nos exemplos: «A professora estava com um vestido e um chapéu escuro»; «Estudou a língua e a cultura portuguesa».
No entanto, considera-se, também, como possível a colocação do adjetivo no plural, concordância tida como mais rara, ficando frases como: «A professora estava com um vestido e um chapéu escuros»; «Estudou a língua e a cultura portuguesas».
Estas indicações são partilhadas por Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa, p. 545) ao esclarecer-nos que quando «[h]á mais de uma palavra determinada, observar-se-ão os seguintes casos:
1.º) Se as palavras determinadas forem do mesmo gênero, a palavra determinante irá para o plural e para o gênero comum, ou poderá concordar, principalmente se vier anteposta, em gênero e número com a mais próxima:
A língua e (a) literatura portuguesas ou A língua e (a) literatura portuguesa.
"Amava no estribeiro-mor as virtudes e a lealdade nunca desmentidas." [...]
"O tom e o gesto caricioso, com que ela dizia isto, não moveu medianamente o esposo." [...]»
Conclui-se, então, que há uma maior abertura para os casos em que o adjetivo vem após os substantivos.