DÚVIDAS

O auxiliar andar, outra vez
Ocorrem com frequência, sobretudo na linguagem informal, a expressão «andar a» (pois o verbo andar transmite a ideia de «dar passos», «caminhar»). Por exemplo: 1. «O seu bebé anda sempre a chorar durante a noite.» 2. «O investigador, usando o seu truque, andou a inquerir a todos operários da fábrica, ao longo do turno.» 3. «Sem pensar no amanhã, o Pedro anda a gastar a sua riqueza.» É legítimo o uso da expressão andar a? Agradeço a atenção!
Complemento oblíquo em «andar ao peditório»
Sei que não andamos ao peditório, no sentido literal da expressão. Neste enunciado, nós temos um argumento interno e um argumento externo. O verbo foi empregado no sentido metafórico. Qual seria a função sintáctica do argumento «ao peditório» no enunciado «O José andou ao peditório»? Sou da opinião que o verbo está no sentido metafórico (tropo), logo o argumento interno recebe a função sintáctica de complemento circunstancial de modo. O modo como viveu. Para alguns professores da Língua Portuguesa, esse argumento recebe a função de complemento circunstancial de causa ou de complemento indirecto.
À volta da fala e da ortografia
Em Abertura de 3/2/2010, há uma chamada sob título «As relações difíceis entre a escrita e a fala», cuja frase inicial é «A grafia não imita a fala». Discorre sobre a eterna querela da ortografia ser fonética ou etimológica, quando, de fato, ela tem de ser um mero conjunto de signos, convencionado, para que todos es crevam de uma determinada maneira "correta", e todos que a falam ou leiam consigam entendimento. Ao contrário da fala, que os linguistas consideram que não há certa nem errada, a escrita é diferente; a lei obriga a escrever "certo". E é por isto que não entendo porque existe a necessidade de se escrever falámos em Portugal e falamos no Brasil. Que cada qual pronuncie como quiser (ou puder), mas não há razão para acentuar a escrita, ainda mais em palavras paroxítonas. Precisamos urgente de um Acordo Ortográfico unificador, de fato, da nossa escrita. Acabei de reler A Velhice do Padre Eterno, do imortal Guerra Junqueiro, em sua primeira edição, onde praticamente não há acentuação, mesmo em palavras proparoxítonas; os acentos não fizeram a menor falta ao entendimento ou à pronúncia mental que realizei enquanto lia. A pletora de acentos está fazendo com que a escrita digitalizada (praticamente não há mais escrita "manuscrita") leve os preguiçosos da Internet a escrever "nahum" apenas para não ter que digitar o til. E viva a língua portuguesa, que consegue ser compreendida em um país de dimensões continentais como o Brasil, sem a preocupação dialetal.
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