Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Ana Martins Professora Beja, Portugal 2K

Eu e alguns colegas gostaríamos de receber a vossa ajuda no que diz respeito à análise sintática da frase seguinte:

«O Silva veio de carro para a escola.»

Muito obrigada.

Rita Gonçalves Reformada Lisboa, Portugal 5K

A propósito do ChatGPT, a mais recente ferramenta de inteligência artificial, li este título: «Os bots já são da família, mas trazem ameaças.»

Como a notícia não explica o que são "bots" e, muito menos, a sua correspondência em português, recorro, mais uma vez, ao Ciberdúvidas. 

Os meus agradecimentos.

Alberto José Domingues Pires Viticultor Vimioso, Portugal 1K

Para referir um conhecido enchido transmontano, também conhecido nas regiões espanholas vizinhas, é mais correto "butelo" ou também pode escrever-se "botelo"?

«BUTELO butêlo m. Prov. trasm. Chouriço grosso, que leva osso moído de suan. bulho m. Prov. trasm. Espécie de chouriço, em que entram cartilagens e ossos tenros de porco, especialmente das costelas e do rabo. botelha, (tê) f. Garrafa. Vinho, contido numa garrafa. (B. lat. butticula, de butta) Botellum ' gall . butelo ' , una variedad de embutido ' , es un término más común : en fr . boyau ( “ tripa ' ) , en it . budèllo (“tripa") , documentado desde el s . XIII . Butè. Mettere, porre, collocare – “EMBUTIR/ENCHER”»

Obrigado.

Alexandre Pereira Terapeuta Viseu, Portugal 1K

É mais ou menos comum ouvir [em certas regiões de Portugal] a expressão "Durmide (dormide) bem", ou "Fazeide boa viagem", ao expressar esse desejo a duas ou mais pessoas.

Estas expressões parecem "descender" de «vós dormis» e «vós fazeis», ou melhor, se eliminássemos a terminação de teríamos dormi e fazei.

Qual é a forma correta? Usar simplesmente durmam e façam? E que tempo verbal é este, por favor? Seria o imperativo?

Muito obrigado.

Sara Lopes Professora Lisboa, Portugal 1K

Exponho abaixo o que considero saber com certeza sobre a constituição do grupo nominal (com alguns exemplos) para depois expor as situações que me geram dúvida.

Um grupo nominal...

1. tem por núcleo um nome ou um pronome n: Lisboa pron: ele

2. ao nome podem estar associados um ou mais determinantes det art def + det poss + n: «o meu carro» det demonstr + n: «este carro»

3. ao pronome pode estar associado um determinante artigo det art def + pron poss: «o teu»

4. tanto ao nome como ao pronome pode estar associado um quantificador quant univ + det art def + n: «todos os carros» quant univ + pron: «todos eles»

5. ao nome podem ainda estar associados o complemento do nome e/ou modificadores do nome (restritivo ou apositivo) [det art def + n + [prep + det art def + n] ]: [o carro [da Maria] ] [det art def + n + [adj] ]: [o carro [azul] ]

Nos exemplos deste último ponto, o grupo nominal inclui um grupo preposicional e um grupo adjetival, respetivamente, os quais assumem as funções de complemento e modificador, respetivamente.

No entanto, há várias grupos nominais que me deixam em dúvida sobre como encarar a sua constituição, todos eles incluindo quantificadores que são expressões partitivas. Por exemplo: «alguns dos carros»/«a metade dos carros». Em ambos os exemplos, a análise que faço da estrutura é [quant [prep + det art def + n] ], o que me levou a concluir (com muita certeza de ser a conclusão errada) que o quantificador pode constituir o núcleo de um grupo nominal sendo seguido por um grupo preposicional.

Na sequência da minha confusão, palmilhei todas as perguntas na categoria de quantificadores, e selecionei duas explicações que indico abaixo e que me parecem particularmente relevantes mas que me deixam ainda perplexa.

– excerto de explicação 1.

Numa resposta do Ciberdúvidas sobre a concordância do verbo com expressões partitivas é mencionado um extrato da Gramática do Português da Fundação Calouste Gulbenkian (2013, pp. 942/943), que inclui o excerto abaixo:

«Admite-se que é o nome nuclear de um sintagma nominal que desencadeia a concordância verbal. Assim, [no exemplo] acima, a concordância singular corresponde a uma estrutura em que o núcleo sintático do sintagma nominal complexo é o numeral, ao passo que a concordância plural corresponde a uma estrutura em que o núcleo do sintagma nominal é o nome que denota o domínio da quantificação.» (in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, consultado em 12-02-2023)

– excerto de explicação 2.

Na resposta à questão "Percentagem + adjetivo: «31% maior", pode ler-se:

«Relativamente aos quantificadores numerais percentuais, recorde-se que estes podem incidir sobre um nome, como acontece em (1):

(1) "Dez por cento dos alunos leram este livro."

Não obstante, estes quantificadores também podem incidir sobre um adjetivo, como se verifica em (2)1:

(2) "Os livros ficaram dez por cento mais caros."

Assim sendo, podemos concluir que os quantificadores numerais têm a possibilidade de incidir sobre um adjetivo.» (in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, consultado em 12-02-2023)

– A estrutura dos exemplos com quantificadores numerais percentuais parece-me em tudo idêntica à dos meus exemplos, mas não me é claro o que a expressão «incidir sobre» significa para a análise dos constituintes do sintagma. A ideia de que «Assim, [no exemplo] acima, a concordância singular corresponde a uma estrutura em que o núcleo sintático do sintagma nominal complexo é o numeral», expressa no excerto 1, parece reforçar a minha conclusão inicial de que o quantificador pode, em expressões partitivas, ser núcleo do sintagma nominal, mas tal ideia continua a soar-me herética.

Acrescento em nota de rodapé que há vários anos que leciono acima de tudo línguas estrangeiras e que as raras vezes que trabalhei a língua portuguesa foi com alunos do 2.º ciclo. Eu tenho a noção de que estas questões podem ser consideradas avançadas, mas parece-me contraprodutivo não ter uma resposta para dar aos alunos (poucos, é certo, mas não irrelevantes) que demonstram interesse e querem saber mais. Não ter uma resposta para dar a esses alunos é especialmente desmotivante quando começam a ganhar confiança na sua capacidade de não só identificar classes de palavras, mas também de as agrupar em grupos hierárquicos e atribuir-lhes funções, pois esses poucos tentam depois por sua própria iniciativa aventurar-se mais à frente, em busca tanto de desafios como de validação dos seus conhecimentos e capacidades. A este nível não precisam de memorizar já os nomes dos diferentes tipos de complementos e modificadores, mas sabendo que cada grupo frásico tem uma função sintática, podem facilmente deduzir que aquele grupo preposicional à frente do quantificador há de ser um qualquer complemento ou modificador anónimo aninhado dentro do grupo nominal do sujeito. Infelizmente, eu não sei o que lhes dizer.

João Almeida Estudante Portimão, Portugal 1K

Caros senhores, antes de mais, obrigado pelo vosso trabalho!

Nas orações substantivas relativas seguintes, a preposição faz parte da oração subordinada ou não?

a) Ele agradece a quem o acompanhe. (complemento indireto)

b) Ele precise de quem o ajude (complemento oblíquo)

Continuação de bom trabalho!

José Santos Chaves, Portugal 5K

Devo dizer «atestado médico» ou «atestado de médico»?

Sávio Christi Ilustrador, quadrinista, escritor, pintor, letrista e poeta Vitória (Espírito Santo), Brasil 1K

Encontrei a "palavra" zerésimo (em português), zeroth (em inglês) e cerésimo (em espanhol) em diversos dicionários, sejam físicos, sejam digitais... e, em tese, seria o numeral ordinal anterior ao primeiro!

Pois muito bem, é legítimo usar o termo zerésimo?

Por exemplo, na seguinte situação: alguém que não tem netos, até o momento, está em seu "zerésimo" neto (por exemplo)!

Existe o termo? É neologismo? É algo comum de se utilizar?

Por favor, muitíssimo obrigado e um grande abraço!

Maria Suzana da Costa Marques Pereira de Sousa Lima Docente S. João do Estoril, Portugal 4K

Quando observo a explicação dada para provas de concurso em português do Brasil sobre a expressão tal qual, em que tal concordará com a palavra anterior e a qual com a palavra seguinte, assola-me a dúvida de que tal seja correto em português europeu.

Por isso, a minha questão é a seguinte: as frases «A Rita é tal qual os pais» e «A Mariana e o Francisco são tais quais os pais» estão corretas?

Beatriz Santos Estudante Chaves, Portugal 3K

Quantos deíticos há na frase «A aventura devolve-nos à imensidão do aberto.»?