Eu e alguns colegas gostaríamos de receber a vossa ajuda no que diz respeito à análise sintática da frase seguinte:
«O Silva veio de carro para a escola.»
Muito obrigada.
A propósito do ChatGPT, a mais recente ferramenta de inteligência artificial, li este título: «Os bots já são da família, mas trazem ameaças.»
Como a notícia não explica o que são "bots" e, muito menos, a sua correspondência em português, recorro, mais uma vez, ao Ciberdúvidas.
Os meus agradecimentos.
Para referir um conhecido enchido transmontano, também conhecido nas regiões espanholas vizinhas, é mais correto "butelo" ou também pode escrever-se "botelo"?
«BUTELO butêlo m. Prov. trasm. Chouriço grosso, que leva osso moído de suan. bulho m. Prov. trasm. Espécie de chouriço, em que entram cartilagens e ossos tenros de porco, especialmente das costelas e do rabo. botelha, (tê) f. Garrafa. Vinho, contido numa garrafa. (B. lat. butticula, de butta) Botellum ' gall . butelo ' , una variedad de embutido ' , es un término más común : en fr . boyau ( “ tripa ' ) , en it . budèllo (“tripa") , documentado desde el s . XIII . Butè. Mettere, porre, collocare – “EMBUTIR/ENCHER”»
Obrigado.
É mais ou menos comum ouvir [em certas regiões de Portugal] a expressão "Durmide (dormide) bem", ou "Fazeide boa viagem", ao expressar esse desejo a duas ou mais pessoas.
Estas expressões parecem "descender" de «vós dormis» e «vós fazeis», ou melhor, se eliminássemos a terminação de teríamos dormi e fazei.
Qual é a forma correta? Usar simplesmente durmam e façam? E que tempo verbal é este, por favor? Seria o imperativo?
Muito obrigado.
Exponho abaixo o que considero saber com certeza sobre a constituição do grupo nominal (com alguns exemplos) para depois expor as situações que me geram dúvida.
Um grupo nominal...
1. tem por núcleo um nome ou um pronome n: Lisboa pron: ele
2. ao nome podem estar associados um ou mais determinantes det art def + det poss + n: «o meu carro» det demonstr + n: «este carro»
3. ao pronome pode estar associado um determinante artigo det art def + pron poss: «o teu»
4. tanto ao nome como ao pronome pode estar associado um quantificador quant univ + det art def + n: «todos os carros» quant univ + pron: «todos eles»
5. ao nome podem ainda estar associados o complemento do nome e/ou modificadores do nome (restritivo ou apositivo) [det art def + n + [prep + det art def + n] ]: [o carro [da Maria] ] [det art def + n + [adj] ]: [o carro [azul] ]
Nos exemplos deste último ponto, o grupo nominal inclui um grupo preposicional e um grupo adjetival, respetivamente, os quais assumem as funções de complemento e modificador, respetivamente.
No entanto, há várias grupos nominais que me deixam em dúvida sobre como encarar a sua constituição, todos eles incluindo quantificadores que são expressões partitivas. Por exemplo: «alguns dos carros»/«a metade dos carros». Em ambos os exemplos, a análise que faço da estrutura é [quant [prep + det art def + n] ], o que me levou a concluir (com muita certeza de ser a conclusão errada) que o quantificador pode constituir o núcleo de um grupo nominal sendo seguido por um grupo preposicional.
Na sequência da minha confusão, palmilhei todas as perguntas na categoria de quantificadores, e selecionei duas explicações que indico abaixo e que me parecem particularmente relevantes mas que me deixam ainda perplexa.
– excerto de explicação 1.
Numa resposta do Ciberdúvidas sobre a concordância do verbo com expressões partitivas é mencionado um extrato da Gramática do Português da Fundação Calouste Gulbenkian (2013, pp. 942/943), que inclui o excerto abaixo:
«Admite-se que é o nome nuclear de um sintagma nominal que desencadeia a concordância verbal. Assim, [no exemplo] acima, a concordância singular corresponde a uma estrutura em que o núcleo sintático do sintagma nominal complexo é o numeral, ao passo que a concordância plural corresponde a uma estrutura em que o núcleo do sintagma nominal é o nome que denota o domínio da quantificação.» (in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, consultado em 12-02-2023)
– excerto de explicação 2.
Na resposta à questão "Percentagem + adjetivo: «31% maior", pode ler-se:
«Relativamente aos quantificadores numerais percentuais, recorde-se que estes podem incidir sobre um nome, como acontece em (1):
(1) "Dez por cento dos alunos leram este livro."
Não obstante, estes quantificadores também podem incidir sobre um adjetivo, como se verifica em (2)1:
(2) "Os livros ficaram dez por cento mais caros."
Assim sendo, podemos concluir que os quantificadores numerais têm a possibilidade de incidir sobre um adjetivo.» (in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, consultado em 12-02-2023)
– A estrutura dos exemplos com quantificadores numerais percentuais parece-me em tudo idêntica à dos meus exemplos, mas não me é claro o que a expressão «incidir sobre» significa para a análise dos constituintes do sintagma. A ideia de que «Assim, [no exemplo] acima, a concordância singular corresponde a uma estrutura em que o núcleo sintático do sintagma nominal complexo é o numeral», expressa no excerto 1, parece reforçar a minha conclusão inicial de que o quantificador pode, em expressões partitivas, ser núcleo do sintagma nominal, mas tal ideia continua a soar-me herética.
Acrescento em nota de rodapé que há vários anos que leciono acima de tudo línguas estrangeiras e que as raras vezes que trabalhei a língua portuguesa foi com alunos do 2.º ciclo. Eu tenho a noção de que estas questões podem ser consideradas avançadas, mas parece-me contraprodutivo não ter uma resposta para dar aos alunos (poucos, é certo, mas não irrelevantes) que demonstram interesse e querem saber mais. Não ter uma resposta para dar a esses alunos é especialmente desmotivante quando começam a ganhar confiança na sua capacidade de não só identificar classes de palavras, mas também de as agrupar em grupos hierárquicos e atribuir-lhes funções, pois esses poucos tentam depois por sua própria iniciativa aventurar-se mais à frente, em busca tanto de desafios como de validação dos seus conhecimentos e capacidades. A este nível não precisam de memorizar já os nomes dos diferentes tipos de complementos e modificadores, mas sabendo que cada grupo frásico tem uma função sintática, podem facilmente deduzir que aquele grupo preposicional à frente do quantificador há de ser um qualquer complemento ou modificador anónimo aninhado dentro do grupo nominal do sujeito. Infelizmente, eu não sei o que lhes dizer.
Caros senhores, antes de mais, obrigado pelo vosso trabalho!
Nas orações substantivas relativas seguintes, a preposição faz parte da oração subordinada ou não?
a) Ele agradece a quem o acompanhe. (complemento indireto)
b) Ele precise de quem o ajude (complemento oblíquo)
Continuação de bom trabalho!
Devo dizer «atestado médico» ou «atestado de médico»?
Encontrei a "palavra" zerésimo (em português), zeroth (em inglês) e cerésimo (em espanhol) em diversos dicionários, sejam físicos, sejam digitais... e, em tese, seria o numeral ordinal anterior ao primeiro!
Pois muito bem, é legítimo usar o termo zerésimo?
Por exemplo, na seguinte situação: alguém que não tem netos, até o momento, está em seu "zerésimo" neto (por exemplo)!
Existe o termo? É neologismo? É algo comum de se utilizar?
Por favor, muitíssimo obrigado e um grande abraço!
Quando observo a explicação dada para provas de concurso em português do Brasil sobre a expressão tal qual, em que tal concordará com a palavra anterior e a qual com a palavra seguinte, assola-me a dúvida de que tal seja correto em português europeu.
Por isso, a minha questão é a seguinte: as frases «A Rita é tal qual os pais» e «A Mariana e o Francisco são tais quais os pais» estão corretas?
Quantos deíticos há na frase «A aventura devolve-nos à imensidão do aberto.»?
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