DÚVIDAS

Aspeto iterativo e aspeto imperfetivo
Gostaria de esclarecer a seguinte dúvida: por que razão é classificada nas frases «Ando a ler O ano da morte de Ricardo Reis» (situação iterativa), «Os alunos, naquela tarde de chuva, contavam entusiasmados todo o dinheiro recolhido para a viagem de finalistas» (situação imperfetiva)? Como distinguir corretamente uma situação iterativa de uma situação imperfetiva? Obrigada pela atenção.
Complemento direto e preposição a
Faz-me confusão o facto de os portugueses não usarem sempre a preposição a antes dos complementos diretos de pessoa. Por exemplo: «Convidei o meu amigo para jantarmos juntos». «Defende o chefe da comissão». (defender ou louvar uma pessoa) «A empatia é fundamental para conhecermos o outro». «Leva as pessoas a fazerem parte disto». «Rui cumprimentou o Pedro». Há alguma regra? Em espanhol dizemos assim: «Invité a mi amigo para que cenemos juntos»; «Defiende al jefe de la comisión»; «La empatía es fundamental para conocer al otro»; «Lleva a las personas a formar parte de esto»; «Rui saludó a Pedro». Muito obrigada. Agradeço muito a vossa ajuda.
A expressão «estar para» + lugar
Antes de mais, boa noite. Durante uma conversa com um amigo, surgiu uma duvida gramatical, após a frase «lembrei-me quando estava para a cozinha», ter sido dita. A frase «lembrei-me quando estava para a cozinha» é gramaticalmente válida? Quando penso na mesma, a frase que me parece correta seria «lembrei-me quando estava na cozinha», contudo, quando separo e analiso as palavras individualmente e com as respetivas ligações, não consigo encontrar um motivo para a mesma estar errada. Sendo que a ausência de motivos ainda é acompanhada pelo reforço da expressão «para a», ser comumente utilizada noutras frases tal como por exemplo, «lembrei-me quando fui para a cozinha». Neste momento, apenas estou confuso, e não consigo perceber o porquê de num sitio, soar estranho/errado. Agradeço que quem potencialmente responder justifique e explique um pouco o porquê, independentemente de certo ou errado.
A colocação do pronome em «bons olhos o vejam»
As minhas saudações a toda a equipe do Ciberdúvidas. Gramáticas há que sugerem a formação proclítica de orações optativas «Bons olhos o vejam», «Bons ventos o levem», em vez de “Bons olhos vejam-no” e “Bons ventos levem-no”. Se eu entendi bem, poderia levantar a hipótese que orações desse tipo deriva de construção oracional do tipo «Eu desejo (que) …»? Contudo, se se mudasse a ordem da oração, prevaleceria o fator de próclise “O vejam bons olhos” e “O levem bons ventos” ou mudaria para o fator de ênclise “Vejam-no bons olhos” e “Levem-no bons ventos”? Porque, segundo gramáticas normativas, orações não podem iniciar por pronome oblíquos átonos. Acredito também que, se mantivesse a conjunção que, ficaria em próclise «Que os vejam bons olhos» e «Que os levem bons ventos», não é? Orações optativas e orações absolutas são a mesma coisa? Então, que tendes a dizer-me de tudo isso? Obrigado antecipadamente a toda a equipe por vir sanando muitas dúvidas do nosso idioma ao longo dos anos.
O complemento do nome memória
A frase em questão é: «Memórias de quem se emociona porque sabe o que é sem ela viver.» A oração «(de) quem se emociona» desempenha a função de complemento do nome pela ligação estabelecida com o nome/grupo nominal «memórias». A minha questão prende-se com a classificação da oração. Sendo introduzida pelo pronome relativo (sem antecedente) quem deveria ser classificada como substantiva relativa; contudo, atendendo à função sintática que desempenha, deveria ser classificada como substantiva completiva uma vez que as substantivas relativas não desempenham, até onde sei, essa função sintática? E como podemos justificá-lo? Obrigado.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa