Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Classe de palavras: quantificador
Elsa Câmara Designer Gráfico Ílhavo, Portugal 434

Vedante ou junta tórica pode ser identificado como "oring".

Devo escrever "oring" ou "o-ring"?

Cláudio Nuno Maldonado Empresário Ericeira , Portugal 591

Tenho uma régua antiga em latão onde está escrito a palavra uma com h, ou seja, "huma".

Será que, por gentileza, me saberão informar em que data deixou de se escrever dessa forma?

Muito obrigado.

Sara Lopes Professora Lisboa, Portugal 917

Exponho abaixo o que considero saber com certeza sobre a constituição do grupo nominal (com alguns exemplos) para depois expor as situações que me geram dúvida.

Um grupo nominal...

1. tem por núcleo um nome ou um pronome n: Lisboa pron: ele

2. ao nome podem estar associados um ou mais determinantes det art def + det poss + n: «o meu carro» det demonstr + n: «este carro»

3. ao pronome pode estar associado um determinante artigo det art def + pron poss: «o teu»

4. tanto ao nome como ao pronome pode estar associado um quantificador quant univ + det art def + n: «todos os carros» quant univ + pron: «todos eles»

5. ao nome podem ainda estar associados o complemento do nome e/ou modificadores do nome (restritivo ou apositivo) [det art def + n + [prep + det art def + n] ]: [o carro [da Maria] ] [det art def + n + [adj] ]: [o carro [azul] ]

Nos exemplos deste último ponto, o grupo nominal inclui um grupo preposicional e um grupo adjetival, respetivamente, os quais assumem as funções de complemento e modificador, respetivamente.

No entanto, há várias grupos nominais que me deixam em dúvida sobre como encarar a sua constituição, todos eles incluindo quantificadores que são expressões partitivas. Por exemplo: «alguns dos carros»/«a metade dos carros». Em ambos os exemplos, a análise que faço da estrutura é [quant [prep + det art def + n] ], o que me levou a concluir (com muita certeza de ser a conclusão errada) que o quantificador pode constituir o núcleo de um grupo nominal sendo seguido por um grupo preposicional.

Na sequência da minha confusão, palmilhei todas as perguntas na categoria de quantificadores, e selecionei duas explicações que indico abaixo e que me parecem particularmente relevantes mas que me deixam ainda perplexa.

– excerto de explicação 1.

Numa resposta do Ciberdúvidas sobre a concordância do verbo com expressões partitivas é mencionado um extrato da Gramática do Português da Fundação Calouste Gulbenkian (2013, pp. 942/943), que inclui o excerto abaixo:

«Admite-se que é o nome nuclear de um sintagma nominal que desencadeia a concordância verbal. Assim, [no exemplo] acima, a concordância singular corresponde a uma estrutura em que o núcleo sintático do sintagma nominal complexo é o numeral, ao passo que a concordância plural corresponde a uma estrutura em que o núcleo do sintagma nominal é o nome que denota o domínio da quantificação.» (in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, consultado em 12-02-2023)

– excerto de explicação 2.

Na resposta à questão "Percentagem + adjetivo: «31% maior", pode ler-se:

«Relativamente aos quantificadores numerais percentuais, recorde-se que estes podem incidir sobre um nome, como acontece em (1):

(1) "Dez por cento dos alunos leram este livro."

Não obstante, estes quantificadores também podem incidir sobre um adjetivo, como se verifica em (2)1:

(2) "Os livros ficaram dez por cento mais caros."

Assim sendo, podemos concluir que os quantificadores numerais têm a possibilidade de incidir sobre um adjetivo.» (in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, consultado em 12-02-2023)

– A estrutura dos exemplos com quantificadores numerais percentuais parece-me em tudo idêntica à dos meus exemplos, mas não me é claro o que a expressão «incidir sobre» significa para a análise dos constituintes do sintagma. A ideia de que «Assim, [no exemplo] acima, a concordância singular corresponde a uma estrutura em que o núcleo sintático do sintagma nominal complexo é o numeral», expressa no excerto 1, parece reforçar a minha conclusão inicial de que o quantificador pode, em expressões partitivas, ser núcleo do sintagma nominal, mas tal ideia continua a soar-me herética.

Acrescento em nota de rodapé que há vários anos que leciono acima de tudo línguas estrangeiras e que as raras vezes que trabalhei a língua portuguesa foi com alunos do 2.º ciclo. Eu tenho a noção de que estas questões podem ser consideradas avançadas, mas parece-me contraprodutivo não ter uma resposta para dar aos alunos (poucos, é certo, mas não irrelevantes) que demonstram interesse e querem saber mais. Não ter uma resposta para dar a esses alunos é especialmente desmotivante quando começam a ganhar confiança na sua capacidade de não só identificar classes de palavras, mas também de as agrupar em grupos hierárquicos e atribuir-lhes funções, pois esses poucos tentam depois por sua própria iniciativa aventurar-se mais à frente, em busca tanto de desafios como de validação dos seus conhecimentos e capacidades. A este nível não precisam de memorizar já os nomes dos diferentes tipos de complementos e modificadores, mas sabendo que cada grupo frásico tem uma função sintática, podem facilmente deduzir que aquele grupo preposicional à frente do quantificador há de ser um qualquer complemento ou modificador anónimo aninhado dentro do grupo nominal do sujeito. Infelizmente, eu não sei o que lhes dizer.

João São Marcos Advogado Porto, Portugal 643

Gostaria de saber, nas frases abaixo, qual a forma correta:

A. Vou partir esta laranja em DUAS.

B. Vou partir esta laranja em DOIS.

Obrigado desde já pelo esclarecimento.

Lydia Rodrigues Estudante Brasil 924

Na oração «Em 2021, o uso desse tipo de remédio foi 31% maior que em 2018», a palavra maior é um adjetivo, está correto?

Mas o adjetivo caracteriza um substantivo, então qual é o substantivo que maior caracteriza? Seria «31%»? Então «31%» é um substantivo?

Todo número, em porcentagem ou não, vai ser um substantivo?

Maria Pais Professora Porto, Portugal 1K

Na expressão «todos os dias compramos um bilhete», ao substituirmos o complemento direto pela forma correspondente do pronome pessoal, qual a regra da pronominalização que prevalece ( «todos os dias o compramos» ou «todos os dias compramo-lo»)?

Podemos aceitar as duas hipóteses?

Agradeço, desde já, a vossa atenção.

Gina Pereira Professora Albufeira, Portugal 1K

Na frase «Poucas pessoas me compreendem tão bem quanto tu», podemos substituir o quantificador existencial poucas, por outros quantificadores existenciais como várias, algumas, mantendo o mesmo sentido?

Obrigada.

Maria Clotilde Gonçalves Soares Professora Portalegre, Portugal 2K

A construção «estiveram presentes todos exceto….» está correta? É uma frase que insistentemente surge na abertura de atas.

Se estiveram todos não há exceções, o que me recorda uma outra construção que, embora também não me pareça completamente correta, considero mais aceitável por conter um "reforço" da ideia.

É ela: «Todos, sem exceção.»

Obrigada.

Fernando Bueno Engenheiro Belo Horizonte, Brasil 8K

Quanto à consulta sobre «nós todos», respondida em 08/4/2022, não há algo de redundante no emprego do pronome todos na frase em questão («Nós todos somos seus fãs») e em outras semelhantes?

Não bastaria dizer «Nós somos seus fãs», estando implícita a ideia de totalidade no pronome pessoal?

Obrigado.

Douglas Vargas Contabilista Lisboa, Portugal 3K

Recentemente li a seguinte expressão: «Trazemos sempre muita coisa de Itália.»

A minha dúvida refere-se a julgar que, em vez de «usar muita coisa», deveria ler-se «usar muitas coisas».