Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Sintaxe
Nuno Cardoso da Silva Professor universitário Lisboa, Portugal 12K

Repetidamente se tem afirmado aqui que «ter que ver com» está correcto e «ter a haver com» está errado. Nunca vi, na argumentação, qualquer referência ao latim para consubstanciar essa afirmação. Porquê? O latim não nos pode ajudar aí?

Por outro lado chamo a atenção de que o equivalente em inglês é «this has nothing to DO with that», e em holandês é «dit heeft daar niets mee te MAKEN». Em ambos os casos, os verbos (to do e maken) estão mais próximos do sentido de haver do que de ver, o que pode indiciar que a vossa interpretação pode não estar correcta. Quererão V. Exas. voltar a este assunto?

José Fontes Militar Seixal, Portugal 50K

Gostaria de pedir um esclarecimento sobre a frase seguinte:

«O director dirigiu-se à representante das educadoras do Berçário/Creche perguntando-a, relativamente aos horários, como eram geridos os problemas quando a Creche era gerida pelo AA.»

Houve alguém que me disse que não concordava com «perguntando-a» mas sim perguntando-lhe, mas não me soube clarificar. Qual é a correcta?

Obrigado pelo esclarecimento.

Paulo Aimoré Oliveira Barros Servidor público Garanhuns, Brasil 3K

O mestre lusitano Cândido de Figueiredo doutrinava que o verbo tem de anteceder o sujeito quando se trata de orações interrogativas. Segundo o ensinamento que ele abraçava e defendia, a construção legítima é «Poderão as mulheres ser sempre honestas?» e não «As mulheres poderão ser sempre honestas?». Percebe-se hoje a predominância da construção errada (sujeito antes do verbo), ao arrepio do que preconizava o doutíssimo Cândido de Figueiredo. Qual é a vossa opinião?

Muito grato.

Paulo Jorge Gomes Jurista Angra do Heroísmo, Portugal 6K

Após pesquisar no Ciberdúvidas, não consegui o desejado efeito cibernético.

Se se pretender atribuir um nome a uma entidade pública administrativa nos Açores, com responsabilidades ao nível da execução de uma matéria nacional (isto é, não regionalizada), pergunto: deve ser utilizada a preposição de, ou em?

Exemplifico:

1) Instituto de Gestão da Reinserção Social «dos» Açores;

ou

2) Instituto de Gestão da Reinserção Social «nos» Açores.

Sei que a prática é o caso 1). Mas não será que o contexto requer o tão necessário quanto espinhoso «distinguo»?

O nome do exemplo é imaginado, mas o caso concreto é real. Trata-se de uma entidade com o mesmo nome da entidade ao nível nacional. O que as distinguirá no futuro será precisamente o complemento «Açores».

Se se seguir o que aqui foi escrito, o complemento «Açores», sendo um substantivo, parece que deveria ser qualificado como «determinante». Neste caso, porém, determinante é o facto de o «Instituto» ser da «Reinserção Social». O facto de estar «nos» Açores é meramente circunstancial.

Isto tem mais importância ao nível semântico: se a Reinserção Social não foi regionalizada, a preposição do caso 1) induz o leitor em erro pela sua ambiguidade, pois tem como significação a Reinserção Social pertencer aos Açores, o que do ponto de vista referencial está errado. Já o caso 2) significa que se trata do organismo que gere a Reinserção Social referente aos Açores, isto é, uma mera circunstância acessória ao nome (quem? o Instituto de Gestão; o quê? da Reinserção social; onde? nos Açores).

Do ponto de vista semântico, trata-se de um acto ilocutório com uma declaração assertiva, pois o legislador estará a dar um nome a uma entidade, incluindo o lugar da sua actuação («nos» Açores)

Em suma: no caso que descrevi, não será mais correcto o uso da preposição em?

William Prudente Professor Rio de Janeiro, Brasil 6K

Em «O bairro de Copacabana é lindo», «de Copacabana» não pode ser uma locução adjetiva, pois tal locução exerce função sintática de aposto especificativo. Seria uma locução substantiva? Alguma gramática apoia esta terminologia? Ou o de desta locução é expletivo dando a sensação de que se trata de uma locução de valor substantivo quando na verdade é uma falsa locução? Digo isto, pois em «O bairro Copacabana é lindo», percebo que o de é desnecessário semântica e sintaticamente.

Apreciarei seus comentários.

Maria Sousa Professora Taguatinga, Brasil 11K

Sabemos que o verbo cair é intransitivo, mas como fica a predicação deste verbo em «Ele caiu em desgraça» ou «Ela caiu no sono»?

Gisela Neto Operadora de call center Luanda, Angola 8K

Embora tenha investigado, continuo com dúvidas em relação aos pronomes clíticos a usar nas seguintes frases.

a) «Digam-nos o que aconteceu. Espero que__________o que aconteceu.»

b) «Traz-me um pão saloio da padaria. Quero que__________um pão saloio da padaria.»

c) «O professor chama-me todos os dias; oxalá ele_________também hoje.»

Paula Azevedo Jurista Vila Nova de Famalicão, Portugal 25K

A fórmula correcta é «induzir a erro», ou «induzir em erro»?

Muito agradecia se me pudessem ajudar.

Ana Silva Professora Porto, Portugal 12K

Quando quero dizer que alguém derrubou algo, é correcto dizer «pôr ao chão» ou «pôr no chão»?

Maria da Graça Correia Professora Lisboa, Portugal 15K

Na frase «Tal pai, tal filho», como classificar morfologicamente tal? Determinante demonstrativo? Locução conjuncional comparativa? Determinante indefinido?

Agradeço os vossos esclarecimentos.