Pergunta:
Num manual atualizado do 11.º ano, a palavra aeronaval vem classificada, do ponto de vista da sua formação, como um composto morfossintático. Contudo, a primeira forma de base que a constitui apresenta-se não como uma palavra autónoma, mas, sim, como um radical.
Creio, pois, tratar-se de um equívoco, devendo o termo em referência ser classificado como composto morfológico.
Resposta:
Tem toda a razão a prezada consulente.
De facto, de acordo, por exemplo, com Mateus e outros, Gramática da Língua Portuguesa, p. 971, a composição morfológica «concatena radicais segundo os princípios da formação morfológica de palavras [ex.: herbívoro, biblioteca, luso-brasileiro] [...], e a composição morfossintática [...] é um processo híbrido de formação de palavras, no qual se conjugam propriedades das estruturas sintáticas e propriedades das estruturas morfológicas [ex: papa-formigas, guarda-joias, surdo-mudo]».
De forma talvez mais clara e simplificada, o Dicionário Terminológico confirma a perspetiva defendida pela consulente. Segundo o referido instrumento linguístico, a composição morfológica é um «processo de composição que associa um radical a outro(s) radical(is) ou a uma ou mais palavras. De um modo geral, entre os radicais ou o radical e a palavra associada ocorre uma vogal de ligação, ex.: [agr] + i + [cultura] = [agricultura], [psic] + o + [pata]», e a composição morfossintática é um «processo de composição que associa duas ou mais palavras. A estrutura destes compostos depende da relação sintática e semântica entre os seus membros, o que tem consequências para a forma como são flexionados em número, ex.: [surdo-mudo], [guarda-chuva] ou [via láctea].
Deste modo, o vocábulo aeronaval deverá, efetivamente, ser considerado um composto morfológico, tal como sugere a consulente.