Pergunta:
Ao ouvir, há dias, o animador de serviço na Rádio Comercial (creio que era o Diogo Beja), ouvi referir qualquer coisa acerca de prendas de Natal, que logo foi corrigida com esta frase, perante a minha estupefacção: «Não, não se diz prendas; presentes.» Daí em diante só se falou em presentes. A minha dúvida é só uma: qual é a regra linguística que determina que não se diz «prendas»? Ou foi o locutor que inventou essa? Ou será uma daquelas parvoíces, tão em voga na sociedade portuguesa, que alguns supostamente bem postos e muito socialmente correctos (tipo Paula Bobone), de vez em quando resolvem lançar como moda para toda a gente ir atrás, como um rebanho, sem sequer saber porque o fazem?
Resposta:
Os termos presente e prenda usam-se indistintamente com o significado de oferta, mas há, efectivamente, uma certa diferença entre eles. Com a palavra presente queremos dizer que a nossa oferta é símbolo da nossa presença. Por meio da oferta dizemos que estamos presentes. E a verdade é que, quando nos ausentamos, o objecto que oferecemos faz com que sejamos lembrados, faz perdurar a nossa presença junto de quem o recebeu. Presente é um substantivo formado do adjectivo presente (do latim ‘praesente-‘). Com a palavra prenda queremos dizer que entregamos à pessoa algo que faz com que ela fique de algum modo mais enriquecida, possuidora de algo com valor (não forçosamente material) e ainda que nos sentimos penhorados, que aquilo que oferecemos é uma garantia do nosso carinho, da nossa amizade, ou mesmo do nosso agradecimento, ou que é uma recompensa, um prémio. Esta palavra provém do latim ‘pignora-’ (= refém).