Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

O recorrente tropeção em dignatários assinalado neste apontamento da professora Maria Regina Rocha, a prpósito do que se ouviu numa entrevista ao primeiro canal da televisão pública portuguesa. 

Pergunta:

 "Maudit soit qui mal y pense!" Qual o significado desta expressão francesa?

Resposta:

Esta expressão francesa significa: «Maldito seja quem pensa mal a esse respeito!»; «Maldito seja quem põe maldade nessa atitude!»

No entanto, penso que o nosso consulente talvez se queira referir à frase "Honni soit qui mal y pense!", que é a divisa da Ordem da Jarreteira e que significa: «Envergonhe-se quem pensa mal disto!»; «Seja desprezado quem pensa mal a este respeito!»; «Maldito seja quem põe maldade onde ela não existe!» Esta expressão é hoje normalmente utilizada para prevenir, muitas vezes de forma irónica, as críticas daqueles que estejam tentados a ver o mal nas propostas ou nos actos mais honestos.

Esta expressão, como acima dito, é a divisa da Ordem da Jarreteira, uma ordem militar instituída em Inglaterra no século XIV e que tem como insígnia uma liga (ou seja, uma jarreteira). É obscura a origem desta divisa, existindo, no entanto, uma lenda em que se conta que, por ocasião de um baile, caiu a liga à condessa de Salisbury, dama da corte de Eduardo III, e que o rei rapidamente se baixou para a apanhar e lha entregar, tendo isto dado motivo a riso e graças por parte dos presentes, o que terá levado o rei a exclamar: "Honni soit qui mal y pense!"

Pergunta:

Tenho uma dúvida relativamente ao plural de mapa síntese, que penso que é mapas síntese, mas preciso de uma confirmação por especialistas na matéria. Podem ajudar-me? Obrigada.

Resposta:

O plural de mapa síntese é, como bem disse, mapas síntese. Trata-se de um termo composto por dois substantivos, em que o segundo especifica o primeiro. Assim, só o primeiro é que vai para o plural.

Num termo constituído por dois substantivos, em que o segundo constituinte, dependente do primeiro, especifica ou indica a função ou o tipo do primeiro, o segundo constituinte não flexiona. É um caso idêntico, por exemplo, a homem aranha (homens aranha) ou a personagem-tipo (personagens-tipo).

Pergunta:

Onde se coloca o sujeito em orações com o gerúndio perfeito? Pode ficar entre, antes ou depois das formas verbais? Obedece a alguma regra?

Resposta:

O gerúndio composto ou gerúndio pretérito é formado com o gerúndio do auxiliar ter (ou haver) e o particípio passado do verbo que se pretende conjugar, ou seja, o verbo principal: «tendo cantado», «tendo vendido», «tendo partido». O gerúndio composto utiliza-se muitas vezes sem o sujeito expresso junto. Exemplos: «tendo falado com os meus pais, resolvi comprar o terreno»; «tendo ouvido aquele relato, toda a gente se assustou». Quando se pretende utilizar o sujeito do gerúndio, normalmente ele fica colocado entre o auxiliar e o verbo principal: «tendo eu feito todo o trabalho difícil, foi ela quem ficou com os louros», «tendo eles cantado tão bem, era lógico que toda a gente os aplaudisse». Pode acontecer que o sujeito seja colocado após o verbo principal, mas são casos menos frequentes, em que se pretende algum tipo de realce: «tendo feito eu tudo isto, ninguém o reconhece».

     Em declarações1 ao enviado da RTP-1 que acompanha a visita do Presidente da República português à Índia, Cavaco Silva, falando em Goa, referiu-se à flexissegurança (o conceito de mobilidade do mercado de trabalho sem desproteger os trabalhadores), tendo aquela palavra aparecido escrita em legenda da seguinte forma:fexis...