Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

1. A abreviatura é a representação escrita de uma ou mais palavras com a omissão de certas letras, visando economia de tempo e de espaço. Para indicar que se trata de uma abreviatura, utiliza-se o ponto abreviativo: esse ponto indica que houve supressão de letras.

Exemplos:

Palavra ou locução

Abreviatura

artigo

art.º

número

n.º

volume

vol.

por exemplo

p. ex.

se faz favor

s. f. f.

Doutor

Dr.

Senhor

Sr.

Excelentíssimo

Ex.mo ou Exmo.

Sua Excelência

S. Ex.ª

 

Pergunta:

Na resposta à pergunta 15437 (relativa à palavra presidenta), escreve-se o seguinte:

«O facto de começar a haver dicionários que registam a palavra presidente alterando a terminação de -e em -a para diferenciar a forma do feminino apenas significa que esses dicionários resolveram registar um modismo, uma ocorrência sem suporte linguístico na morfologia actual.»

Ora sucede que já dicionários editados em 1944 (o de Augusto Moreno) e em 1953 (o de Cândido de Figueiredo) registam a palavra presidenta, o que mostra que não está a começar nos nossos dias (já na segunda década do século XXI) a aceitação daquela palavra.

Isso leva-me a perguntar: poderá ainda considerar-se um modismo uma palavra que já há 60/70 anos era recebida em dicionários?

Antecipadamente agradeço os esclarecimentos que me forem prestados.

Resposta:

Diversos dicionários, efectivamente, registavam o termo presidenta já há muitas décadas. No entanto, esse termo era de uso restrito, normalmente reservado ao registo popular ou utilizado ironicamente.

Um modismo é um modo de falar admitido pelo uso de uma língua, mas frequentemente contrário às regras gramaticais da mesma língua. O modismo muitas vezes tem um carácter passageiro, efémero.

Ora, como é do conhecimento geral, embora dicionarizada, a palavra presidenta não era vulgarmente usada nem em Portugal nem no Brasil: não pertence ao português-padrão, conforme tentei mostrar noutra resposta. No entanto, recentemente, algumas pessoas quiseram guindá-la a esse registo e começaram a utilizar normalmente a palavra.

É por isso que ela é considerada um modismo: está na moda, para os que querem seguir essa moda, dizer «a presidenta».

«Entrámos para o euro há dez anos atrás», «Deveriam ter sido tomadas medidas adequadas há muito tempo atrás»: este tipo de frases ouve-se cada vez mais, havendo quem considere correcta a utilização da palavra atrás como forma de intensificar a ideia de passado.

Ora, expressões do tipo «há anos atrás», «há meses atrás», «há muito tempo atrás» estão incorrectas. Nem podemos sequer considerar que há uma redundância aceitável.

Qual a regra gramatical que permite a forma <i>presidenta</i>?

A propósito da eleição de uma mulher para a presidência da Assembleia da República, em Portugal — e depois do que já ocorrera com a eleição de outra mulher para a chefia do Estado brasileiro —, volta a surgir a dúvida: «a presidente», ou «a presidenta»?

A forma recomendada é «a presidente» (do latim praesidens, praesidentis).

Contestando a tese contrária – cf. Textos Relacionados –. Maria Regina Rocha considera que «à distância» é a expressão correcta por três razões.

 

 

Deverá dizer-se «ensino à distância», ou «ensino a distância»?

Considero que «ensino à distância» é a construção correcta.

A expressão «à distância» ou constitui uma locução adverbial (ex.: «À distância, o general observava atentamente a movimentação das tropas»), ou faz parte de uma locução prepositiva (ex.: «Estavam à distância de 200 metros do quartel»).