Pergunta:
Na resposta à pergunta 15437 (relativa à palavra presidenta), escreve-se o seguinte:
«O facto de começar a haver dicionários que registam a palavra presidente alterando a terminação de -e em -a para diferenciar a forma do feminino apenas significa que esses dicionários resolveram registar um modismo, uma ocorrência sem suporte linguístico na morfologia actual.»
Ora sucede que já dicionários editados em 1944 (o de Augusto Moreno) e em 1953 (o de Cândido de Figueiredo) registam a palavra presidenta, o que mostra que não está a começar nos nossos dias (já na segunda década do século XXI) a aceitação daquela palavra.
Isso leva-me a perguntar: poderá ainda considerar-se um modismo uma palavra que já há 60/70 anos era recebida em dicionários?
Antecipadamente agradeço os esclarecimentos que me forem prestados.
Resposta:
Diversos dicionários, efectivamente, registavam o termo presidenta já há muitas décadas. No entanto, esse termo era de uso restrito, normalmente reservado ao registo popular ou utilizado ironicamente.
Um modismo é um modo de falar admitido pelo uso de uma língua, mas frequentemente contrário às regras gramaticais da mesma língua. O modismo muitas vezes tem um carácter passageiro, efémero.
Ora, como é do conhecimento geral, embora dicionarizada, a palavra presidenta não era vulgarmente usada nem em Portugal nem no Brasil: não pertence ao português-padrão, conforme tentei mostrar noutra resposta. No entanto, recentemente, algumas pessoas quiseram guindá-la a esse registo e começaram a utilizar normalmente a palavra.
É por isso que ela é considerada um modismo: está na moda, para os que querem seguir essa moda, dizer «a presidenta».