Nada a fazer: o modismo do "Rónaldo", com o o artificialmente aberto, pegou de estaca no audiovisual português.
Jornalista português, cofundador (com João Carreira Bom) e responsável editorial do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Autor do programa televisivo Cuidado com a Língua!, cuja primeira série se encontra recolhida em livro, em colaboração com a professora Maria Regina Rocha. Ver mais aqui, aqui e aqui.
Nada a fazer: o modismo do "Rónaldo", com o o artificialmente aberto, pegou de estaca no audiovisual português.
Pelo Acordo Ortográfico, deverá escrever-se «bola de Berlim», ou «bola-de-berlim»? Encontrei sites, na Internet, que utilizam formas diferentes. Trata-se de sites onde não existe a preocupação da escrita cuidada, pelo que não me merecem confiança.
E estará correto dizer – ou escrever – «uma árvore gigantérrima»?
Com s novas regras do uso do hífen, bola de Berlim1 escreve-se sem hífen [Base XV do Acordo Ortográfico: Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos].
Já era assim em Portugal, antes do Acordo Ortográfico, tal como «bola de cristal», «bola de fogo», «bola de gude», «bola de neve», «bola de sabão», etc. No Brasil, os dicionários registavam com hífen. Agora, sem hífen [vide Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras].
Quanto à segunda dúvida: o superlativo de gigante é gigantesco. “Gigantérrimo” é de uso da linguagem popular.
1 «Bola de berlim» (com b minúsculo) no Brasil.
De acordo com o AO de 1945, como se devem escrever os nomes dos animais e das plantas? Sempre com hífen? Ou existem excepções? (Sei que com o AO de 1990 todos estes nomes têm hífen).
A seguir apresento alguns exemplos para me informarem como devem ser escritos correctamente de acordo com o AO de 1945: arranha-lobos, genciana-das-turfeiras, campainhas-amarelas, fava-de-água, borboleta-azul-das-turfeiras, azulinha-do-bocage, aranja-dos-charcos, nêspera-dos-lameiros, azulinha-do-tomilho, ziguena-dos-pântanos, aranha-vespa, tecedeira-acuminada.
Na norma de 1945 — seguida apenas em Portugal e nas suas ex-colónias entretanto independentes, razão por que, em rigor, não se pode denominá-la de acordo ortográfico — empregava-se já o hífen em todas as palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas. Nesse ponto, nada se alterou com o Acordo Ortográfico de 1990. Vide Base XV: Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares.
Enfrento algumas dificuldades desde a reforma ortográfica, sobretudo no uso do hífen com os compostos, e mais ainda quando me deparo com jargões específicos, que fatalmente envolverão palavras ausentes dos dicionários. Gostaria de perguntar, se possível, como se escrevem as seguintes construções (a primeira é de uso geral, as outras são eventualmente encontradas no ensino musical):
– "Página-título", ou "Página título"?
– "Retórico-musical", ou "Retórico musical"?
–"nota-contra-nota", ou "nota contra nota"?
– "nota-eixo", ou "nota eixo" (no sentido de uma nota de uma melodia que lhe serve de eixo)?
– "motivo-cabeça", ou "motivo cabeça" (no sentido de um grupo principal de notas)?
– "Estrutura-ritornelo", ou "Estrutura ritornelo" (no sentido de um tipo de estrutura)?
– "Quinta mais-que-diminuta", ou "Quinta mais que diminuta" (aqui me parece um caso complexo: pela nova ortografia temos mais-que-perfeito, mas não sei se se resolve uma dúvida dessas "por analogia").
O Acordo Ortográfico não altera a generalidade dos compostos assinalados. Como se pode ver nas suas Bases XV e XVI, nas regras do hífen apenas mudam as chamadas palavras prefixadas, os compostos morfológicos e as locuções. Assim:
Página-título [a tradição ortográfica vinha já grafando sistematicamente com hífen as sequências nome + nome].
Retórico-musical [retórico- é considerado pelo AO um prefixo].
Nota contra nota [tendo em conta que não se trata de uma unidade discursiva lexicalizada, mas uma expressão sintática livre (i. e., sem qualquer tipo de comportamento morfológico diferente do que teriam isoladamente as palavras integrantes desta expressão)].
Nota-eixo [nome + nome leva sempre hífen, conforme as novas regras].
Motivo-cabeça [idem].
Estrutura-ritornelo [no sentido de um tipo de estrutura, presume-se].
Quinta mais que perfeita [levam hífen só os casos explicitamente apontados no texto do Acordo Ortográfico, é o que recomenda a equipa do Portal da Língua ...
Tem algum sentido que um espaço de «informações sobre promoção e difusão da língua portuguesa» – tutelado, ele próprio, pelo organismo com essas obrigações institucionais no âmbito da CPLP – prefira o nome em inglês blog, em vez de blogue1?
1 Forma há muito aportuguesada e, muito naturalmente, assim já registada pelos principais dicionários e vocabulários portugueses e brasileiros.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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