Depois do mau uso do conjuntivo/subjuntivo – melhor: não uso, pura e simplesmente –, é a obrigatoriedade da vírgula nas frases com vocativo que começa a transformar-se, também, numa espécie em vias extinção na escrita jornalística em Portugal. Nos media e não só. Basta uma circulação rápida pelas redes sociais, até por via das mensagens que cada um de nós vai recebendo de amigos, conhecidos ou... nem tanto. Com tamanha generalização da incorreção aqui ilustrada1, não admira que ela ainda venha a encontrar acolhimento entre aqueles que (mais) defendem que o erro passa a norma desde que muito "praticado"...
1 Obrigado [vírgula], FMI, e não Obrigado FMI [sem vírgula]. É um dos casos do uso obrigatório da vírgula: a função de isolar o vocativo. Outros exemplos (além dos registados a seguir nos Textos Relacionados): Os nossos agradecimentos, caros consulentes do Ciberdúvidas; Olá, amigos!; Cumprimentos amistosos, prezados clientes; Bom dia/boa tarde/boa noite, senhoras e senhores; etc., etc.
N.E. – O não uso da obrigatória vírgula no vocativo – seja quando ela representa um chamamento, um apelo, uma saudação ou uma evocação* – generalizou-se praticamente no espaço público português, dos órgãos de comunicação social à publicidade .Por exemplo, aqui, aqui, aqui, aqui ou aqui. Uma incorreção várias vezes esclarecida no Ciberdúvidas – vide Textos Relacionados, ao lado –, assim como noutros espaços à volta da língua prtuguesa. Cf.,entre outros registos: Vocativo + Vocativo: uma unidade à parte + O uso da vírgula no vocativo + Vocativo – uma quesão de vírgula + A vírgula do vocativo – Exemplos de vocativo no início, no meio e no fim da frase + 5 bons motivos (e 10 regras) para usar corretamente a vírgula.
* Por regra, no discurso direto e, geralmente, em frases imperativas, interrogativas ou exclamativas.