José Mário Costa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
José Mário Costa
José Mário Costa
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Jornalista português, cofundador (com João Carreira Bom) e responsável editorial do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Autor do programa televisivo Cuidado com a Língua!, cuja primeira série se encontra recolhida em livro, em colaboração com a professora Maria Regina Rocha. Ver mais aquiaqui e aqui.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Qual é a forma correcta em português: pré-fabricados, ou prefabricados?

Resposta:

Ambas as formas, pré-fabricados e prefabricados — registadas na maioria dos dicionários e vocabulários, antes do Acordo Ortográfico (AO) —, estão contempladas no Vocabulário Ortográfico do Português, disponível no Portal da Língua Portuguesa. O que não acontece em mais nenhum outro vocabulário (o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Porto Editora, e o da Academia Brasileira de Letras) ou dicionário já segundo a nova grafia (caso do Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, 2010 — ao contrário do da edição anterior, de 2004).

José Pedro Ferreira, um dos coordenadores do Vocabulário Ortográfico do Português, explica a razão das duas grafias, e a diferença de uma e de outra:

«Não são duas grafias para a mesma palavra, são duas formas diferentes, com dois elementos de formação diferentes, o que se reflete na ortografia. Os dois elementos de formação,

Pergunta:

As aspas a utilizar devem ser as aspas portuguesas («»), ou as aspas inglesas ("")?

Resposta:

Trata-se de uma questão de estilo – isto é, de gosto.

Deve é uniformizar-se a opção escolhida, em todos os documentos escritos. 

[No Ciberdúvidas, optámos pelas aspas em linha1 (« ») para assinalar as transcrições e pelas aspas elevadas2 (" ") para outras ocorrências (citações dentro das transcrições, palavras ou expressões com sentido metafórico,  de realce ou com um qualquer outro significativo, estrangeirismos, vulgarismos, etc.).] 

1 Também conhecidas por «aspas latinas» ou, na nova nomenclatura do Dicionário Terminológico (para Portugal), «aspas, simplesmente.

2 Também conhecidas por «aspas inglesas» ou, na nova nomenclatura do Dicionário Terminológico (para Portugal), «aspas altas».

 

Cf. Aspas na língua portuguesa

Pergunta:

Segue-se à abreviatura P. S. (já agora, o correto é P. S., P.S., PS. ou PS?) algum sinal de pontuação para introduzir o que se escreveu depois, ou não se deve pôr nenhum? Já observei o uso de dois-pontos, travessão e até parênteses, embora particularmente tenda a dispensá-los. Aproveitando o ensejo, deve-se escrever o que vier a seguir com letra capitular, estou certo? Abaixo está um exemplo de como utilizo o recurso.

P. S. Oportunamente, a expressão latina correspondente deve ser grafada com hífen?

Parabéns pelos excelsos serviços prestados à língua portuguesa e aos seus falantes.

Resposta:

1. Como qualquer abreviatura, a de post scriptum leva obrigatoriamente os pontos imediatamente a seguir às respetivas iniciais, sendo a mesma grafada do seguinte modo: P.S. (cf. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Porto Editora, 2009). Portanto, não há espaço ente a primeira inicial seguida de ponto – P. – e a 2.ª, simbolizada por S.

2. A seguir à abreviatura, é opcional o uso do travessão (P.S. —) ou dos dois-pontos (P.S.:). Aqui no Ciberdúvidas preferimos o travessão: P. S. —.

3. Como se inicia uma frase logo a seguir ao post scriptum, a letra inicial deve ser em maiúscula (capitular).

4. Por último, e como já se deve ter apercebido, a expressão latina não tem hífen (seguindo a norma da grafia original), o que não sucede com a sua tradução, que é hifenizada — pós-escrito (idem).

Pergunta:

Gostaria de saber se, ao escrever-se num artigo municípios, o mais correcto é fazê-lo com caixa baixa ou alta.

Resposta:

Se se refere ao substantivo/nome comum município, nessa mesma qualidade, escreve-se  com caixa baixa.

Por exemplo: «município de Lisboa», «os municípios portugueses». Tal como escrevemos «cidade de Lisboa», «concelho de Lisboa» ou «distrito de Lisboa».

Para os nomes próprios deste ou daquele municípios, como instituições que são, devemos usar a maiúscula inicial.

Por exemplo: Câmara Municipal de Lisboa, Câmara Municipal do Porto, Câmara Municipal de Aveiro, Câmara Municipal de Alvito, etc.

Já era assim antes do Acordo Ortográfico (vide Base XIX, Das Minúsculas e Maiúsculas).

«(...) O que verdadeiramente ajuda Passos Coelho é que os portugueses dão sinais de terem finalmente entendido que a vida assim não podia continuar. O sonho de toda uma vida a crédito do banco do Estado acabou e, à beira de virar pesadelo, as pessoas realizaram que mais vale viver pior do que continuar a acreditar numa utopia que só podia terminar em desastre. (...)»

Miguel Sousa Tavares, na sua crónica no semanário Expresso de 1/10/2011, “Cem dias de exaustão”.

(...)