José Mário Costa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
José Mário Costa
José Mário Costa
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Jornalista português, cofundador (com João Carreira Bom) e responsável editorial do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Autor do programa televisivo Cuidado com a Língua!, cuja primeira série se encontra recolhida em livro, em colaboração com a professora Maria Regina Rocha. Ver mais aquiaqui e aqui.

 
Textos publicados pelo autor
Ai, os
Um caso de errada pluralização de uma sigla

 Os  PALOPs — um caso de errada pluralização de uma sigla que já corresponde a um sintagma no plural, neste apontamento do jornallsta José Mário Costa.

Pergunta:

Diz-se «alarde ao», ou «alarde do»?

Obrigado.

Resposta:

Vejamos estas abonações de clássicos da literatura portuguesa, transcritos no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa (2001), na entrada alarde, alardo [«(do árabe al-ard, "exibição", "revista militar"). Exibição aparatosa; acto de alardear. = aparato, jactância, ostentação ≠ discrição»]:

«Não por alarde de honras, nem pelo luxo da farda» (Eça de Queirós, A Relíquia, pág. 78).

«Fazia alarde das suas conquistas amorosas.»

«Ele, muito sisudo, não fez alardo da sua obra a Felícia»  (Camilo Castelo Branco, A Corja, pág. 95).

O mesmo atesta Énio Ramalho no seu Novo Dicionário Estrutural, Estilístico e Sintáctico da Língua Portuguesa (Lello Editores, Porto):

«Alarde. Fazer alarde de [ele era um vaidoso que em toda a parte fazia alarde dos seus êxitos (se vangloriava, se gabava).»

Como (não) «escrever com os pés»

«Ao que o nosso jornal apurou, "terão havido contactos 
junto de pessoas que tinham pedido para analisar os valores
de indemnizações no âmbito de anteriores planos de rescisão para
voltarem a negociar e a RTP estava a propor valores mais altos."»

"Diário de Notícias", 23 de agosto de 2014

 

 

«... e vou, veraneando, preguiçosamente desfolhando o calendário da contagem dos dias da partida.» O calendário, coitado, com as folhas arrancadas – imagina-se que uma a uma, na lassidão atrás descrita –, deve ter ficado imprestável para qualquer outra utilidade.

Eu te amarei, quando muito na norma brasileira. Ou seja: com a colocação do pronome antes do verbo (próclise). Tratando-se de uma revista portuguesa, será, sempre,  eu amar-te-ei [futuro do indicativo na forma reflexa do verbo amar, com o pronome pessoal intercalado entre elementos do próprio verbo (mesóclise), com hífen.]

Amarei-te... nunca a Sra. Obama diria alguma vez ao senhor seu marido. Falando em português (escorreito), é claro.