Desde a reforma ortográfica de 1911 que deixou de haver palavras com o "h" entre vogais. Por isso, passou a escrever-se aí (em vez de ahi), coerente (em vez de coherente), exortar (em vez de exhortar), inibir (em vez deinhibir), proibir (em vez de prohibir), sair (em vez de sahir) – e por aí adiante. Porquê, então, a insistência numa forma ultrapassada há mais de cem anos (ainda por cima, estando já consagrado o aportuguesamento jiade, de “jihad”)? O reparo, em forma de sugestão, foi endereçado ao provedor do leitor do jornal "Público" José Manuel Paquete Oliveira, que o transcreveu na sua crónica "Jornalismo permissivo, jornalismo exigente", de 12/10/2014.
Uma (...) recomendação a quem escreve (e edita) no Público: não tem qualquer sentido a grafia "jihadista"... pela simples razão de que, no português, não há palavras com o h entre vogais.
Se a palavra entrou na língua portuguesa, então, tem de assumir a (lógica) feição portuguesa: jiadista – tal como jiade, de onde se formou, e bem, o substantivo jiadista.
Essa é a regra para todos os aportuguesamentos de estrangeirismos entrados pelo uso na nossa língua. Desde os galicismos de outros tempos (bibelot/bibelô, bicyclette/bicicleta, dossier/dossiê) até aos anglicismos mais ou menos recentes (football/futebol, dandy/dandi, whisky/uísque, copy-desk/copidesque), etc., etc., etc.
No Ciberdúvidas, o reparo foi feito, mas como caiu em saco roto...
O desleixo é verdade que anda generalizado nos media portugueses – sempre pouco sensíveis a estas coisas da língua... que não seja o ruído à volta do Acordo Ortográfico... –, mas, que diabo!, até no Público se aceitam já estas anomalias linguísticas!?...
[Ver ainda abertura «Vestir [os estrangeirismos] à portuguesa», de 13/10/2014]
publicado na crónica do provedor do leitor do jornal Público, Jornalismo permissivo, jornalismo exigente, de 12 de outubro 2014