José Mário Costa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
José Mário Costa
José Mário Costa
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Jornalista português, cofundador (com João Carreira Bom) e responsável editorial do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Autor do programa televisivo Cuidado com a Língua!, cuja primeira série se encontra recolhida em livro, em colaboração com a professora Maria Regina Rocha. Ver mais aquiaqui e aqui.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Como se escreve o nome próprio Teo?

Resposta:

Exatamente como a consulente o escreve, embora também se encontre Theo.

Segundo José Pedro Machado (Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa), o nome Teo aparece «no Brasil, geralmente escrito Theo» e terá origem no grego Théos, «deus», «divindade».

Como dizer mal ( escrevendo bem (precariedade)" class="img-adjust">

Precariedade, pre-ca-rie-dade. Porque será que o secretário-geral da CGTPArménio Carlos, diz sempre "precaridade", se até nos cartazes das manifestações da central sindical de que ele é o principal dirigente a palavra vem sempre corretamente escrita?! (...)

Pergunta:

O resultado de um jogo de futebol, por exemplo, deve ser marcado com hífen ou com meia-risca? Exemplo: dois a um deverá ser 2–1 (meia-risca) ou 2-1 (hífen)?

Obrigada.

Resposta:

Como poderá ver nas respostas anteriores, já temos este esclarecimento: Lisboa-Porto com hífen e sem espaços.

Depois dela, o Acordo Ortográfico vem dizer, na sua Base XV, ponto 7:

«Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando, não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares (tipo: a divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade, a ponte Rio-Niterói, o percurso Lisboa-Coimbra-Porto, a ligação Angola-Moçambique e bem assim nas combinações históricas ou ocasionais de topónimos/topônimos (tipo: Áustria-Hungria, Alsácia-Lorena, Angola-Brasil, Tóquio-Rio de Janeiro, etc.).»

Fica claro que a marcação do resultado de um jogo de futebol cai neste âmbito.

No que toca ao tamanho do sinal, tratando-se de matéria de clara opção de estilo, ela deverá ser regulada por isso nesse âmbito específico. É por isso que os jornais e publicações afins têm, ou devem ter, os seus livros de estilo, clarificadores de uma dessas opções gráficas: ou pelo hífen – como prevalece na imprensa portuguesa – ou pela chamada meia-risca (denominada também como «traço de ligação», meio-traço ou «traço médio») –, como se prefere noutros registos, como neste aqui.

(Nada que ver, atenção, com o travessão – que não é uso empregar-se nestas situações. E tenha-se ainda em conta, também,

Erro dito, erro (não) publicado?

«Alguma vez sente que Portugal é muito pequeno para si?

Não sei... Às vezes há coisas que gostava de fazer e [penso] que se calhar não são tão aceitáveis. Isso talvez vá de encontro à pergunta. Mas nós vamos crescendo e, sobretudo com a Internet, o mundo tornou-se muito pequenino. Há tipos na Malásia que eu considero meus vizinhos, porque hoje praticamente vemos as coisas a acontecer em direto.»

(...)

Pergunta:

Vejo frequentemente, em jornais e televisão, mulheres serem designadas simplesmente pelo apelido («Albuquerque vai a Paris...»), em vez do nome próprio. Creio que a regra em português é os homens poderem ser tratados dessa forma, mas não as mulheres. Parece-me, pois, puro sexismo e imitação de hábitos e regras de outras línguas, para além de retirar clareza ao dito/lido. Acontece-me, por vezes, só perceber a meio do texto que se trata de uma mulher e não de um homem!

Agradeço a vossa resposta a este assunto.

Resposta:

Na escrita jornalística é corrente dar-se às mulheres com cargos políticos ou outros de relevância pública o mesmo tratamento conferido aos  homens – por regra, identificados primeiro pelo nome completo como são conhecidos e, ao logo do texto (até por razões de encurtamento de palavras e de economia de espaço), apenas pelo apelido1. Com uma condição, porém: o apelido tem de ser facilmente reconhecível de quem se fala.

Por exemplo:  Aníbal Cavaco SilvaCavaco SilvaCavaco (nunca só Silva); ou:  José MourinhoMourinho.

Não é o caso referido pela consulente. A ministra portuguesa das Finanças não é reconhecida no país só pelo respetivo apelido, mas pelo nome + apelido: Maria Luís Albuquerque. Quem a identificaria na frase referida («Albuquerque vai a Paris…»)?

Ao contrário, por sinal, da sua antecessora, Manuela Ferreira Leite – cujo apelido, Ferreira Leite, é suficientemente clarificador de quem se tratava, se acaso o nome fosse omitido no decurso de uma eventual notícia com ele relacionada: Manuela Ferreira LeiteFerreira Leite.

É exatamente esse ponto – a perceção imediata de quem ou do que se fala, sem margem nenhuma de dúvida ou ambiguidade – uma das regras basilares de qualquer notícia.