Embora o uso das maiúsculas e das minúsculas tenha regras devidamente estabelecidas tanto na norma de 1945 (pontos 39 a 47 das Bases Analíticas do Acordo Ortográfico de 1945) como na de 1990 (Base XIX do presente Acordo Ortográfico), trata-se de uma área de alguma liberdade de estilo e gosto, dependentes, como aqui já se observava, de critérios editoriais específicos. É o que de resto se recomenda nas observações da Base IX do AO: «As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não obstam a que obras especializadas observem regras próprias, provindas de códigos ou normalizações específicas (terminologias antropológica, geológica, bibliológica, botânica, zoológica, etc.), promanadas de entidades científicas ou normalizadoras, reconhecidas internacionalmente.»
Dai que, na escrita jornalística, «os nomes de cargos, postos ou dignidades hierárquicas, sejam quais forem os respetivos graus, assim como os vocábulos que designam títulos, qualquer que seja a importância destes», se escrevam, sempre, com inicial minúscula – enquanto noutro tipo de registo (institucional e/ou mais formal), a regra é uso da maiúscula.
Por exemplo: «O primeiro-ministro Passos Coelho», no primeiro caso, «o Primeiro-Ministro Passos Coelho, no segundo; «a procuradora-geral da República», «a Procuradora-Geral da República»; «o papa Francisco», «o Papa Francisco»; etc., etc.
No caso em apreço, por ser claramente do âmbito de «obra especializada» (um manual de instruções informático?), não colhem os argumentos que recusam a utilização das maiúsculas iniciais num conjunto sintático com sentido (técnico) específico. Sem elas ou qualquer outro tipo de realce, perder-se-ia a indispensável clareza informativa, como bem refere o consulente.
Se na tradução portuguesa deve ficar mesmo em maiúsculas iniciais [Imprimir Sem Guardar], como vem no original inglês, ou entre aspas [“”], ou a negrito, ou em versaletes, ou, até, numa cor diferente suscetível de facilitar legibilidade imediata da opção recomendada – como acima fica explanado –, decorre já do gosto e da opção de quem edita a tradução. É para isso que servem os “livros de estilo” de que qualquer publicação deve dotar-se.