José Mário Costa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
José Mário Costa
José Mário Costa
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Jornalista português, cofundador (com João Carreira Bom) e responsável editorial do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Autor do programa televisivo Cuidado com a Língua!, cuja primeira série se encontra recolhida em livro, em colaboração com a professora Maria Regina Rocha. Ver mais aquiaqui e aqui.

 
Textos publicados pelo autor
As gralhas-gralhas e as outras

Um jornal sem gralhas, dizia-se nos tempos anteriores à informatização das redações e das tipografias de composição a chumbo, é como um jardim sem flores. Só que sempre houve gralhas-gralhas – por exemplo, lapsos de teclagem, trocas de letras na pressa do fecho da edição, distrações ocasionais – e "gralhas" resultantes de manifesta ignorância. (...)

Nada de encontros, só encontrões. Até na Caála

«Peixeirada de baixo nível» foi como o jornalista Rui Santos comentou certeiramente a entrevista do presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, no espaço de debate da TVI 24 Prolongamento, depressa resvalada para um feiíssimo confronto pessoal com um dos participantes do painel, “o representante” do clube rival Benfica.

E o humor foi também em inglês?

«Em Alcântara, dividido entre a LX Factory e o Village Underground, acontece nesta sexta-feira e sábado mais uma edição do Famous Fest. Este ano, com um programa que procura dar-nos mais do que sessões de humor.

(...)

O Famous Humour Fest perdeu este ano o Humour no nome, mas não o humor na programação. Continua a ser um festival onde o riso é primordial, mas à edição não se fica apenas pelos espectáculos e sessões de humor para nos dar também concertos ou exposições. Wasted Rita, por exemplo, a portuguesa que Banksy veio buscar para a sua Dismaland, terá toda uma parede do Village Underground para as suas frases cáusticas. Ao lado, na vizinha LX Factory, acontecem sessões como uma conversa entre Ricardo Araújo Pereira e António Tabet, da Porta dos Fundos, ou a transposição para o palco do podcasts de Bruno Nogueira, Filipe Melo e Nuno Markl, Uma Nêspera no Cu. (...)»

[in Público de 25/08/2015]

Pergunta:

Como distinguir "áfeta" (a bolha dolorosa na boca), que na linguagem de governo e tutelados passa a ser "afeta", de "afecta" (que passa a ser "afeta)?

Mais ainda, como interpretar o grito «Ninguém pára o Benfica», por exemplo, que, na linguagem de governo e tutelados passa a ser «ninguém para o Benfica»?

Agradeço a atenção.

Resposta:

O consulente começa por laborar num erro de monta: não é nem nunca se escreveu "áfeta", mas, sim, afta.

Afta – na definição do Dicionário Houaiss: «pequena ulceração superficial dolorosa, observada ger. na mucosa bucal e mais raramente na mucosa genital, de causa desconhecida, com recidivas atribuídas a vírus ou fungos, desequilíbrio hormonal, problemas alimentares ou estresse, podendo apresentar-se isolada ou associada a doenças sistêmicas» – tem origem no latim āphtae, ārum, «aftas, úlceras da boca». Derivou do grego áphtha, que alternava com áphthē, ēs, «"afta, úlcera bucal", e este este do verbo háptō "queimar, acender" [...]» (ibidem).

Já agora: mesmo que fosse "áfeta", nunca seria verdadeiramente homógrafa de afeta ("afecta", antes do Acordo Ortográfico).

Quanto aos restantes exemplos, esses, de facto, alterados com a nova reforma, como já por diversas vezes foi esclarecido – por exemplo, aqui –, eles corres...

A escorregadela no “explôda”

«(…) O  que é que esta Europa pretende, se pretende que tudo isto explôda, pode ser… Ou então encontrar uma solução para que a Grécia possa estar num quadro mais fácil.»

António Esteves Martins, correspondente da RTP, em Bruxelas, Telejornal da RTP, 5/07/2015