Apontamento da consultora Inês Gama sobre as formas dos pronomes clíticos acusativos segundo as terminações dos verbos.
Apontamento incluído no programa Páginas de Português, na Antena 2, no dia 8 de outubro de 2023.
Licenciada em Português com Menor em Línguas Modernas – Inglês pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e mestre em Português como Língua Estrangeira e Língua Segunda (PLELS) pela mesma instituição. Fez um estágio em ensino de português como língua estrangeira na Universidade Jaguelónica em Cracóvia (Polónia). Exerce funções de apoio à edição/revisão do Ciberdúvidas e à reorganização do seu acervo.
Apontamento da consultora Inês Gama sobre as formas dos pronomes clíticos acusativos segundo as terminações dos verbos.
Apontamento incluído no programa Páginas de Português, na Antena 2, no dia 8 de outubro de 2023.
«Para que um professor de PLNM consiga assegurar um ensino de qualidade e no qual proporcione um acompanhamento que permita esclarecer muitas das dúvidas dos seus alunos é necessário que, para além da atenção prestada aos modelos e materiais didáticas, se procure também conhecer um pouco o grupo de estudantes, nomeadamente, as suas culturas e línguas» – afirma a consultora Inês Gama que, no seguimento do tema do ensino do português como língua não materna, reflete neste apontamento sobre o impacto da língua materna dos alunos na aprendizagem do português, dando como exemplo o nepali.
Percebi que a tal da linguagem neutra está pegando de vez no Brasil, na Argentina e no Chile... mas quem inventou de colocar a linguagem inclusiva em português e em espanhol?
A linguagem em questão não é acessível a cegos, surdos, mudos, analfabetos e autistas, fora que será preciso que todas as enciclopédias, dicionários e gramáticas se reescrevam se for para se levar a sério realmente essa nova linguagem!
Pois muito bem, qual a opinião de vocês desse assunto todo aí de verdade?
Muitíssimo obrigado e um grande abraço!
Alguns investigadores, como a socióloga Mara Pieri, defendem que desde o século XIX a complexa relação entre sociedade e a linguagem tem sido foco de discussão e reflexão. Entendendo-se a língua como um sistema criado por pessoas e que reflete o modo como estas se organizam, a reivindicação pela utilização de uma linguagem que pretenda incluir minorias e grupos marginalizados é, no fundo, um reflexo do modo como as sociedades pensam e se organizam. Nos dias de hoje, a defesa do uso de linguagem inclusiva está, sobretudo, alinhada com as teorias que refletem sobre o papel sexual e de género.
Relativamente às questões de género e linguagem, estas começaram a ganhar mais amplitude na década de sessenta do século XX com a segunda vaga do feminismo nos Estados Unidos da América, sendo que este tema rapidamente começou a ser discutido em alguns dos círculos mais proeminentes da linguística. Exemplo disto é a publicação da obra Language and Woman’s Place de Robin Lakoff, aluna do reputado linguista Noam Chomsky. Neste texto, a autora denuncia conotações, expressões e construções linguísticas que dão conta da natureza sexista das sociedades. Neste sentido, na dissertação de mestrado «Poderá uma Língua Natural ser Sexista?» (2020), o investigador João de Matos (Universidade Nova de Lisboa) defende que ...
«Muitos dos alunos que frequentam [a disciplina de Português como Língua Não Materna] e dos professores que a lecionam deparam-se com desafios variados de difícil resolução.» Neste apontamento, a consultora Inês Gama reflete sobre a disciplina de Português Língua Não Materna (PLNM), oferta do currículo escolar português.
«A casa branca e cinzenta é nova, pertence à mãe da Cátia.»
Aqui o da que função desempenha? Como se pode classificar?
Na frase apresentada pela consulente, da consiste na contração da preposição de com o artigo definido a.
Nesta frase, o da introduz o sintagma preposicional «da Cátia» e desempenha, em conjunto com este sintagma, a função sintática de complemento do nome, na medida em que é selecionado pelo nome mãe. Os complementos do nome são constituintes importantes para que a realidade sobre a qual se tenciona falar seja representada de forma evidente, como se assinala nesta resposta da consultora Carla Marques.
Na frase já mencionada, ao utilizar-se o nome mãe, percebe-se que este necessita de um complemento para referir toda a realidade, uma vez que mãe é sempre de alguém. Todavia, é possível utilizar estes nomes que pedem complemento de modo isolado, levando a frase a ficar com um sentido mais genérico, como se observa em (1).
(1) A casa branca e cinzenta é nova, pertence à mãe.
Para além disto, os nomes de parentesco, como é o caso de mãe, pedem por norma complemento.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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