Neste apontamento da consultora Inês Gama, é feita uma pequena reflexão sobre a diferença entre as palavras embaixadora e embaixatriz.
Licenciada em Português com Menor em Línguas Modernas – Inglês pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e mestre em Português como Língua Estrangeira e Língua Segunda (PLELS) pela mesma instituição. Fez um estágio em ensino de português como língua estrangeira na Universidade Jaguelónica em Cracóvia (Polónia). Exerce funções de apoio à edição/revisão do Ciberdúvidas e à reorganização do seu acervo.
Contextualizando: eu aprendi que orações restritivas focam numa parte do todo e as orações explicativas focam no todo que consequentemente geram os seguintes pressupostos:
«Os professores que são didáticos devem possuir melhores salários.» (Estou restringindo «professor», já que nem todos são didáticos)
«Os professores, que são didáticos, devem possuir melhores salários.» (Estou explicando «professor», já que todos são didáticos)
A minha dúvida é se as orações coordenativas explicativas permitem esse mesmo pressuposto, já que explicam. Do contrário, o que me permitem pressupor?
Essa dúvida se amplia no exemplo abaixo:
«Expulsaram o aluno João Ferreira, que brigou na escola.»
O que nesse caso poderia ser visto tanto como pronome relativo («João Ferreira brigou na escola») e conjunção explicativa («porque brigou na escola»), o que mudaria o sentido.
Obrigado.
A frase apresentada pelo consulente, «Expulsaram o aluno João Ferreira, que brigou na escola», admite duas interpretações sintáticas e só o contexto poderá indicar qual a adequada.
Poderá ser considerada uma oração coordenada explicativa, uma vez que, segundo o Dicionário Terminológico, as orações coordenadas explicativas apresentam «uma justificação ou explicação para que se torne legítimo o ato de fala expresso pela frase ou oração com que se combina[m]». Assim, na frase referida pelo consulente, a afirmação de que o João foi expulso é justificada pelo facto de este ter brigado na escola. Repare-se que, no caso das coordenadas explicativas, não é possível extrair uma relação de causa real, ou seja, nesta frase o facto de este aluno ter brigado na escola pode não ter sido o motivo real da sua expulsão da instituição, sendo que este facto é antes apresentado como uma justificação da afirmação apresentada na primeira oração.
No fundo, as coordenadas explicativas são pequenos textos argumentativos organizados da seguinte forma: «Eu digo x porque y».
Porém, a oração «que brigou na escola» pode também ser interpretada como uma relativa explicativa, na medida em que poderá relacionar-se com o antecedente «João Ferreira». Neste caso, a oração em questão apresenta uma informação complementar sobre o antecedente. Ora, de acordo com o
Neste apontamento da consultora Inês Gama, aborda-se Luís Vaz de Camões, cujo nascimento estará a perfazer quinhentos anos, e as formas singulares que cada português tem de declamar Os Lusíadas. Que diferenças existem na entoação e na pronúncia de, por exemplo, «As armas e os barões assinalados»? Alguns alunos do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa tentaram responder ao desafio do Ciberdúvidas e demonstraram as variações que, muitas vezes, existem, por exemplo, na forma como se declama este primeiro verso da epopeia, no vídeo que acompanha este texto.
Faz-me confusão o facto de os portugueses não usarem sempre a preposição a antes dos complementos diretos de pessoa.
Por exemplo:
«Convidei o meu amigo para jantarmos juntos».
«Defende o chefe da comissão». (defender ou louvar uma pessoa)
«A empatia é fundamental para conhecermos o outro».
«Leva as pessoas a fazerem parte disto».
«Rui cumprimentou o Pedro».
Há alguma regra?
Em espanhol dizemos assim: «Invité a mi amigo para que cenemos juntos»; «Defiende al jefe de la comisión»; «La empatía es fundamental para conocer al otro»; «Lleva a las personas a formar parte de esto»; «Rui saludó a Pedro».
Muito obrigada. Agradeço muito a vossa ajuda.
Contrariamente ao que acontece na língua espanhola, em português a ocorrência do complemento direto (CD) preposicionado é muito pontual.
Segundo Cunha e Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo (1984, p. 143), os complementos diretos preposicionados em português apenas surgem com verbos que exprimem sentimentos, como em (1), para evitar ambiguidade, como em (2), e quando este constituinte é anteposto, como em (3)1.
(1) «Só não amava a Jorge como amava ao filho.»
(2) «Sabeis, que ao Mestre vai matá-lo.»
(3) «A homem pobre, ninguém roube.»
Portanto, em português, verifica-se que a marcação do CD por meio de uma preposição corresponde sobretudo a uma estratégia estilística. Já em espanhol, verifica-se que o CD é marcado por uma preposição – geralmente a preposição a – nos casos em que este constituinte tem os traços [+animado] e [+específico], o que não acontece em português, em que mesmo que o CD tenha os traços [+animado] e [+específico] tem geralmente a forma de um sintagma nominal, como se observa no contraste (4).
(4a) «Visité a mi papá.» (Espanhol)
(4b) «Visitei o meu pai.» (Português)
1. Estes exemplos são de Cunha e Cintra,...
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
Se pretende receber notificações de cada vez que um conteúdo do Ciberdúvidas é atualizado, subscreva as notificações clicando no botão Subscrever notificações